quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Teoria do conto

Estudo de Gelza Reis Cristo





Segundo Mário de Andrade tudo o que o autor batizou de conto é conto. E mais, o conto é indefinível a receitas.

No entanto para Machado de Assis parece fácil, mas é difícil.

Gelza Reis Cristo dá exemplos do que ela entende por conto e apresenta um estudo de outros grandes mestres contistas.



Vamos relatar um acontecimento. Podemos contar um conto ou escrevê-lo em poucas linhas. Será curto e conciso. A personagem principal não consegue resolver sozinha, os seus conflitos psicológicos, pois é muito frágil e necessita de ajuda. E não vamos alongar a estória porque assim perderá todo o encanto do conto. A estória será falsa porque assim é o conto. Vamos evitar um fim arrumadinho para deixar um ar de mistério, algo a desvendar. Deixe um fato amarrado para o leitor imaginar a ficção tornando a fantasia um parecer de verossimilhança capaz de conquistar até mesmo os avessos à leitura.

Verdadeiramente ao escrever um conto podemos descrever o acontecimento até num espaço estático onde os personagens: humano, animal ou objeto podem fazer parte do enredo e não necessariamente estarem no mesmo espaço. Estes, serão representados em uma época de acontecimentos que deixarão marcas profundas.

As ações de pessoas ou coisas nunca devem ocorrer num tempo determinado, pois elas devem falar por si:



Naquele barraco de palha seca do licuri, na região do “Polígono da Seca”, havia toda boca da noite uma roda de adultos, jovens e crianças, todos desejosos para ouvirem da boca do contador de estórias, mais um conto que começava sempre assim:

Era uma vez...

Segundo o estudo de Vlademir Propp, os personagens desenvolvem funções, que são as ações no decorrer do enredo. No entanto, estas mesmas ações também são praticadas por outros personagens e de modo diferente.

O conto examinado por Propp tem 150 elementos e 31 funções linear que movimentam o conto, principalmente o maravilhoso.



Entre tantas definições teóricas podemos simplificar o conceito do conto dizendo que este, quando bem estruturado, tem muitas personagens, desde o vilão, o doador, aquele que presta favores e é atencioso, a jovem, o pai da jovem, o mandante etc.

Propp afirma ainda, que a origem religiosa dos contos ocorreu na pré-história quando o conto se confundia com um relato sagrado – conto/mito/rito__ e o rito desaparece quando não há mais caça como recurso de subsistência. Os mais velhos contavam aos jovens sobre suas origens. Estes passavam a possuir uma espécie de amuleto verbal.

Podemos dizer que em meados do século XX esta prática de contador de estórias acontecia nas fazendas dos coronéis do Nordeste todo início de noite nos períodos de safra. Para entreter os trabalhadores havia sempre um deles a se destacar como contador de estórias. Quem contava a estória? O sujeito mais feio e divertido do grupo de roceiros. Verdade ou ficção? A verossimilhança dava crédito ao contista, sendo que todos acreditavam como uma verdade. Narrar era viver mais uma vez e acentuar a memória para novos causos, como eram nomeados.

Mas para Vlademir Propp não podemos afirmar ao certo quando ocorreu a passagem do conto convencional para os contados até hoje. Os contos maravilhosos remontam de representações existentes de um povo anterior as castas; que depois passam a ser patrimônio das lasses dominantes.



Podemos observar ainda, o estudo de Greimas sobre o conto. Segundo ele a atuação dos personagens se dá a partir da relação sintática sujeito/objeto onde três tipos de relações das personagens ocorrem em função de uma ação.

Em resumo, o conto é tudo aquilo que pode ser recontado de forma oral ou escrita.

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