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"SAMWAAD - Rua do Encontro"
“Samwaad _ Rua do Encontro”
Dissertativa por Gelza Reis Cristo
A receptividade do público desse espetáculo deixa claro à admiração pela superação do corpo humano e pela vontade de crescer dos jovens carentes das periferias de São Paulo. “Samwaad _ Rua do Encontro” é tão rico e grandioso quanto à complexidade dos vários discursos que podemos apresentar sobre o mesmo. Fazer a leitura dos vários gêneros discursivos sobre o “Projeto Dança Comunidade” e discorrer sobre a função-leitor e função-autor será o nosso desafio doravante.
A interdisciplinaridade está no contexto do espetáculo nas seguintes disciplinas: Língua Portuguesa por meio de textos para que os alunos do projeto aprimorem a linguagem; na Arte, ao aperfeiçoar a dança, e o teatro porque o autor BERTAZZO deixa explícito no projeto que a harmonia só acontece com a soma da sincronia, postura e localização espacial. Na Educação Física a expressão corporal trabalha os corpos visivelmente talhados cuja estética deixa o leitor observador na certeza que a separação do feminino/masculino ocorre por meio da tiara que as meninas usam na cabeça. A cooperação, os vários ritmos, a disciplina que impede a quebra do espetáculo, o conjunto e o lúdico, o figurino, a dança com os passos sincronizados, os objetos representativos que são um recurso muito forte no teatro; os pés descalços que gera energia e equilíbrio do corpo e da mente, a resistência: somente os bravos persistem. O sucesso vem da certeza do casamento da música com a dança:
“A trilha sonora, fio condutor da movimentação dos bailarinos-cidadãos, foi gravada ao vivo, sob o comando de Rafael Y Castro, e o grupo indiano Gandhava Mahavidyalaya, dirigido pelo maestro Madhup Mudga , além de 35 instrumentistas das melhores escolas de samba de São Paulo, Benjamim Taubkin ao pianoe João Taubkin no contrabaixo comoconvidados especiais.” BENVEGNU, Marcela. Na ponta do pé. Samwaad (Jornal TodoDia, Universidade Federal da Bahia).
Qual “voz” fala mais alto? A sintonia no ritmo da música. “O timbre do tamborim dialoga com a cítara indiana” (BENVEGNU), e como ela menciona no seu artigo é o extremo cultural entre duas culturas: Brasil e Índia.
Que cultura é priorizada e se reafirma? Segundo o texto de instrução para esta redação, a cultura hindu impera absoluta no início do espetáculo com a dança e a música: voz, cítara, e tecla dos típicos, quando a voz começa a entoar a melodia de Santa Morena com refrações indianas. Apesar de o tamborim e o pandeiro mostrarem habilidades no choro é a dança indiana que resiste do começo ao fim. Podemos notar que os gestos e os corpos são hindus, embora o choro de Jacob do Bandolim corra solto.
Como você usaria os conceitos de função-autor, efeito leitor e efeito de sentido para explicar este discurso?
Segundo ORLANDI (1996), o efeito-leitor ao se materializar, sua leitura como também a interpretação e seus comentários a respeito dos textos lidos, exerce também autoria ou reproduz o que já foi dito. Ao explicar que um autor se insere num determinado espaço de interpretação, este deriva do interdiscurso. Esse gesto, essa atitude interpretativa é relacionada à historicidade determinada pelo discurso. No caso do intercâmbio entre as duas culturas percebemos a interação social, os vários conhecimentos entre as duas culturas (conhecer outro país), conhecer espaços culturais, outras linguagens, realizar sonhos que são desafios, autoafirmação, trabalhar em grupo (competência e habilidades são exploradas).
Portanto, quando há um questionamento de identidades, linguagens e gestos, trajetórias, diversidade cultural, as inúmeras possibilidades de comunicação que existem em todo o mundo através da arte e da dança permite os vários discursos estabelecendo a função-autor-autor e a função-leitor das diferentes linguagens e suas condições de produções. Verdadeiramente podemos relacionar a nossa interpretação com a fala de BERTAZZO na Globo: Ele sai falando um Português do lado de cá também; uma linguagem nossa. Esse trânsito: (ou seja, esse intercâmbio, ‘grifo nosso’) ele pode falar com uma linguagem do lado de lá da linha do trem, mais ‘malandra’, mas vem e usa uma outra forma de expressão verbal.
Se formos pensar nos conhecimentos multiculturais engajados nesse projeto veremos que as nossas escolas públicas precisariam de uma ampliação do espaço físico; principalmente para realizar pequenas peças de teatro. Certamente também tiraríamos muitos jovens do mundo das drogas.
Bibliografia:
Link para a reportagem do Globo Repórter:
http://www.youtube.com/watch?v=JZC_yi932Ls;
http://www.youtube.com/watch?v=fKq8mDwBnlc;
http://www.youtube.com/watch?v=mvI4WpRBvc4;
BENVEGNU, Marcela. Na ponta do pé, SAMWAAD. Salvador, jornal TodoDia, Universidade Federal da Bahia.
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita - elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (francófona). In: ROJO, R. H. R.; CORDEIRO, G. S. (Orgs./Trads.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004[1996]. Pp. 41-70. REDEFOR- Língua Português. Campinas/SP: UNICAMP, 2011.
ORLANDI, E. P. Sobre tipologia de discurso. In: _. A linguagem e seu funcionamento. As formas do discurso. Campinas: Pontes, 1987. Pp. 217-238. 2ª. Ed. revista e aumentada. REDEFOR- Língua Portuguesa. Campinas/SP: UNICAMP, 2011.
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