LAMPIÃO é filho do “santo”
Virgolino
Ferreira da Silva, o LAMPIÃO era a alegria e o medo do sertão; um homem astuto,
veloz, malvado e criminoso. Foi também um dos cabras mais inteligentes da
época. E tornou-se herói apenas por ser lendário. Saúdo o senhor Orestes
Barbosa de Sousa, o Marancó e acredito que ele perseguiu e conheceu Lampião,
como também creio que nunca desejou matá-lo, pois se o fizesse o Nordeste
perderia a fama. Depois de Antônio Conselheiro os pobres do norte da Bahia,
“polígono da seca” necessitavam de um líder para suportar a fome e a miséria.
Sabemos que um líder é uma esperança. No entanto, fatos são fatos:
Quando
Virgolino tinha 17 anos foi escalado por seu pai para tomar conta da pequena
propriedade que além das terras tinha algumas cabeças de gado e um rebanho de
ovelhas. Era somente por cinco dias enquanto pai, mãe e filhos menores iam para
a festa religiosa de Juazeiro do Norte. O Padre Cícero era um santo para todos.
E por serem vizinhos de Zé Saturnino, um fazendeiro de melhores posses que
tinha empregados, logo desconfiaram do vaqueiro ao notarem que sumira algumas
ovelhas da família. Lampião começou a farejar pelos cantos da fazenda de Zé
Saturnino e encontrou vários coros das ovelhas que foram enterrados e conferiu
o sinal das orelhas tendo a certeza do furto. Nesse momento começou o inferno
da família Ferreira. Foram até a delegacia prestar queixas e o delegado ficou
do lado de Zé Saturnino que protegeu o seu empregado. No sertão do início do século XX tudo era permitido:
a família fora afastada do que era seu por trabalho e luta e morar noutro
município onde morava o avô de Lampião. Foram proibidos de frequentarem a feira
da região onde nasceram e cresceram. A vida dos Ferreiras virou de ponta cabeça
depois que houve o primeiro confronto e quem começou foram os filhos de Zé
Saturnino. O pai de Lampião era pacífico e obedecia as ordens do delegado indo
morar com sua família em três lugares diferentes e quando chegavam, logo uma
carta também chegava para o delegado local avisando que aquela família era
briguenta. A mãe do rei do cangaço faleceu na faixa dos quarenta anos do
coração, quinze dias após o pai dos Ferreiras foi brutalmente encurralado e
morto. Naquele momento trágico, aos 19 anos Lampião convidou os seus irmãos
para entrarem no cangaço a convite do Senhor Pereira. Inicialmente só o Virgolino
foi para o cangaço. Porém, seis meses depois os outros irmãos o acompanharam.
Foi aí que Lampião ordenou que o seu irmão mais jovem tomasse conta das
mulheres ainda crianças. Em 1922 o astuto cangaceiro envia um bilhete para o
delegado de Água Branca avisando que ia assaltar o sobrado da Baronesa. Dito e
feito: Virgolino ficou famoso em todos os jornais de grande circulação. A
vaidade dominou o rei do sertão e este perseguiu a fama, os passos de Antônio
Conselheiro e esqueceu de vingar a morte do pai. Todas essas afirmações só
foram possíveis graças ao meu TCC (Trabalho de Conclusão do Curso) que versa
sobre Lampião e Antônio Conselheiro, aprovado pela UNISANTOS e que já virou um
livro ainda inédito. Lemos as melhores biografias sobre Virgolino Ferreira da
Silva e outros livros dentro de um acervo de mais de 180 obras sobre o tema do
cangaço.
Gelza
Reis Cristo-São Vicente-SP
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