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CRUZ e Souza -Análise do poema por Gelza Reis Cristo
Cruz e Souza – análise do poema
Perante a Morte empalidece e treme,
treme perante a morte, empalidece.
Coroa-te de lágrimas, esquece
o Mal cruel que nos abismos geme.
Ah! Longe o inferno que flameja e freme,
longe a Paixão que só no horror floresce...
A alma precisa de silêncio e prece,
Pois na prece e silêncio nada treme.
Silêncio e prece no fatal segredo
perante o pasmo do sombrio medo
da Morte e os seus aspectos reverentes...
Silêncio para o desespero insano,
O furor gigantesco e sobre-humano
a dor sinistra de ranger os dentes!
A preposição PERANTE é o fonema que se repete no segundo verso quando o eu-lírico não consegue mais escapar da Morte que o faz tremer e empalidecer fazendo-o esquecer de todos os males da misteriosa vida; inflamado e ardendo pelo mal que a morte está gerando. A agonia parece um inferno de tão violenta. O verbo flamejar e o substantivo freme leva o eu-lírico a lembrar da Paixão que floresce diante dos últimos minutos antes de morrer. Na agonia vem a prece que faz esquecer e acalma o tremor.
Esvaem-se todos os segredos diante do espanto e do medo da Morte e dos mistérios que ela apresenta ao cuidar da sua vítima. No silencio insano, a Morte furiosa vence a força humana.
Depois da preposição perante, do verbo flamejar e do substantivo freme, são os adjetivos que dão sentido à musicalidade sombria que podemos perceber com a aliteração do r em todos os versos.
A musicalidade no poema do poeta simbolista Cruz e Souza nos remete ao ar sombrio da Morte através da repetição da vogal e de forma sonora nas duas primeiras estrofes cujo encadeamento das palavras faz uma associação da Morte com o vocábulo empalidece, esquece, geme, freme floresce, prece, treme.
Nesse soneto há a presença da sinestesia na qual o leitor pode ver e sentir através das palavras abismo, gemer, dentes e dor.
Silêncio para o gigantesco e sobre-humano.
Treme e empalidece aliados à sinestesia apresemtam um clima etéreo, vago que transforma em sombrio medo a palavra mote.
Temos no soneto uma comparação metafórica “a Morte empalidece e treme” quando o eu-lírico percebe o fim de tudo.
“... a Paixão que só no horror floresce” é um exemplo de antítese no poema.
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