quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sobre Gonçalves Dias - Pesquisa

Eu uso MARY KAY (saiba mais... cristogelza@gmail.com)




Por Gelza Reis Cristo
GONÇALVES DIAS

Pesquisa e estudo sobre as três gerações do Romantismo Brasileiro.


A lírica de Gonçalves Dias é um vôo nacional em que o autor com maestria constrói traços de formação clássica e lusitana, na sua rica formalidade poética, equilibra-se sem exageros românticos e não deixa de o ser. Como os demais colegas, também era a sua intenção elevar a poesia brasileira nas condições européias. Um empenho devido a contemporaneidade da Independência e a necessidade de uma cultura brasileira – temas preferidos: natureza, religião, amor, solidão, pátria, índio e medievalismo. Entre os românticos o melhor.

OLHOS VERDES
Eles verdes são:
E têm por usança
Na cor esperança
E nas obras não.
Camões, Rimas.
São uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos de verde-mar,
Quando o tempo vai bonança;
Uns olhos cor de esperança
Uns olhos por que morri;
Que, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como duas esmeraldas,
Iguais na forma e na cor,
Têm luz mais branda e mais forte.
Diz uma - vida, outra - morte;
Uma - loucura, outra - amor.
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
São verdes da cor do prado,
Exprimem qualquer paixão,
Tão facilmente se inflamam,
Tão meigamente derramam
Fogo e luz do coração;
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
São uns olhos verdes, verdes,
Que pode também brilhar;
Não são de um verde embaçado,
Mas verdes da cor do padro,
Mas verdes da cor do mar.
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Como se lê num espelho
Pude ler nos olhos seus!
Os olhos mostram a alma,
Que as ondas postas em calma
Também refletem os céus;
Mas, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Dizei vós, ó meus amigos
Se vos perguntam por mi,
Que eu vivo só da lembrança
De uns olhos da cor da esperança,
De uns olhos verdes que vi!
Que, ai de mi!
Nem já sei qual fiquei sendo
Depois que os vi!
Dizei vós: Triste do bardo!
Deixou-se de amor finar!
Viu uns olhos verdes, verdes,
Uns olhos da cor do mar;
Eram verdes sem esp’rança,
Davam amor sem amar!
Dizei-o vós, meus amigos,
Que, ai de mi!
Não pertenço mais à vida
Depois que os vi!


a) para a epígrafe do seu poema, que tipo de poesia camoniana Gonçalves Dias escolheu: a de tradição medieval ou a renascentista? Justifique:
b) de tradição medieval, pois os versos são pentassílabos (redondilha maior);

Observe agora a estrutura formal de “Olhos Verdes”. Que aspectos o associam à tradição poético medieval e popular? Resp.: O emprego de redondilhas maiores, os paralelismos ( há versos que se repetem total ou parcialmente) e a musicalidade.

c) que palavra usada no português arcaico confirma essa filiação? Resp.: A palavra mi que já no século XIX era um arcaísmo.
d) Ao término de cada estrofe alguns versos se repetem como um refrão. Qual o estado do eu-lírico quando viu os olhos verdes? Resp.: O eu-lírico perdeu o senso, ou a própria identidade; enlouqueceu.
e) Com base no verso “Que ai de mi” , que suposição podemos fazer a respeito de como o eu lírico se sente? Resp.: Que o eu lírico se sente infeliz, lamenta a sua condição.
Considerando o modo como o eu lírico se sente, que atitude em relação a ele podemos supor que a mulher amada teve? Resp.: Que ela o rejeitou ou fez pouco caso dos sentimentos dele; daí o sofrimento do eu lírico.

Os românticos rejeitam a visão equilibrada e harmônica da vida que os clássicos tinham e apreciam o emprego dos dualismos. O poema em estudos faz uso dos dualismos para caracterizar a mulher amada:
As antíteses vida/morte; e loucura/amor, por meio das quais o poeta sugere emoções conflituosas que a mulher amada desperta no eu lírico.
a) destaque da 2ª estrofe um dos dualismos que cumprem essa função;
b) outro dualismo se verifica na 4ª estrofe. Introduzindo-a com o verso: “Como se lê no espelho”, o poeta faz um jogo de relações binárias para comparar a mulher amada à natureza: olhos - ondas
alma céus
Com base nessas imagens especulares (de espelho), explique a semelhança entre olhos e ondas e entre almas e céus:
Do mesmo modo que as ondas do mar calmo refletem os céus, os olhos da mulher amada refletem a alma dela. Assim, os olhos (verdes) estão para o mar (ondas) como a alma está para o céu. Logo, os olhos da mulher amada, também sugerem, como os céus, o infinito, a beleza, a serenidade etc.

As duas últimas estrofes apresentam diferenças em relação às anteriores.
a) a quem se dirige o eu lírico? Aos leitores ou aos amigos.
b) Qual é a sua condição, revelada na alteração do refrão “Não pertenço mais a vida”/Depois que os vi”. Por não ser correspondido, o eu lírico sente-se um morto-vivo, alguém que, embora vivo, morreu interiormente.
O ULTRA-ROMANTISMO
Algumas décadas depois do início do Romantismo, o Brasil ganha novos rumos com o aparecimento dos ultra – românticos. Esses poetas, sem o compromisso com a nacionalidade, assumido pela geração, desinteressam-se pela vida político-social e voltam-se para si mesmos, numa atitude profundamente pessimista diante da vida. Como forma de protesto contra o mundo burguês, vivem entediados, esperando a morte chegar. Essa geração sentia-se perdida e inadequada para a sociedade da época. Muitos poetas dessa fase morreram aos vinte anos de idade. Apegavam-se a valores decadentes como a bebida e outros vícios noturnos e a atração pela morte. Álvares de Azevedo. Desprezaram o nacionalismo e o indianismo e acentuaram traços no subjetivismo, o egocentrismo e o sentimentalismo, ampliando a experiência da sondagem interior e preparando o terreno para a investigação psicológica.
O MEDO DE AMAR – as obras apresentam visão dualista que envolve atração e medo, desejo e culpa. Temiam a realização amorosa. Em Álvaro, a antítese personificada – um projeto literário baseado na contradição, perfeitamente enquadrada nos dualismos que caracterizam a linguagem romântica, a face do bem e do mal. A ironia é um traço constante de sua obra, uma forma não passiva de ver a realidade, um modo de quebrar a noção de ordem e abalar as convenções do mundo burguês – o lado Caliban é a linha orgânica e satânica – ao ironizar algumas das atitudes mais caras a sua geração: a pieguice amorosa e a idealização do amor e da mulher. – forte presença do quotidiano.
O erotismo como forma de combate: [ o descompassado amor a carne, o satanismo] [...] representavam atitudes de rebeldia – faziam do sexo uma plataforma de libertação e combate que se articulava à negação das instituições.
Análise do poema IDÉIAS ÍNTIMAS : a) entediado, o eu lírico isola-se em seu quarto, limitando-se a ler e a fumar;
c) bebendo fumando e lendo romances lascivos;
d) tinha sonhos de ser poeta e de ser feliz, em mundos de fantasia habitados pelas grandes amantes da literatura como Margarida, Elvira, Clarissa.
e) Versos que ironicamente destroem a idealização amorosa: “ [ ... eu acordava/ Arquejando a beijar meu travesseiro!”
f) Em contraposição ao mundo degredado e caótico do eu lírico, os pais significavam pureza e serenidade; por isso conservava com carinho o porta-retrato.
g) Momentos de devaneios: os dois primeiros e os três últimos versos da parte XIV revelam consciência por parte do eu lírico. Os versos intermediários sugerem um estado de embriaguez do eu lírico motivado pelo conhaque e pelo tédio do ambiente solitário. Efeito do alcool? Volta-lhe a mente a imagem de uma mulher amada.

Vocabulário romântico:
Imigas: inimigas; mendaces: mentirosas, traiçoeiras; silvos: assobio;
Fugaces: que fogem velozes; ignavos: covardes; talados: devastados, arrazados;
Piagas: pajés; maracás: chocalhos; mi: mim; acerbo: doloroso, árduo; quebrando: cansado, frágil; troço: corpo de tropas; vil: moralmente baixo; deploro: lamento, choro; bardo: poeta trovador; Lamartine: poeta romântico francês;
Blasé: entediado; olvidar: esquecer; libar: beber, sorver; lascivo: sensual; ditoso: feliz; condão: virtude especial, dom; eflúvio: exalação, emanação; silfo: gênio do ar na mitologia céltica; cândido: imaculado, puro; lânguido: abatido, sensual; colo: parte do corpo formada pelo pescoço e pelos ombros; mavioso: suave, harmonioso; intumecer: incha, torna-se túmido; pegureiro: guardador de gado, pastor; messe: colheita; estio: verão; porvir: futuro; flébil: lastimoso, choroso; estro: inspiração, criatividade; fulgura: relampeja, brilha; asinha: depressa; dantesco: relativo as cenas horríveis narradas por Dante Alighiere em sua obra Divina Comédia, na parte em que descreve o inferno; tombadilho: alojamento do navio; luzernas: clarões; açoite: chicote; turbilhão: redemoinho; espectros: fantasmas; vãs: inúteis; arquejar: ofegar; calandra: espécie de cotovia; cambraia: tecido fino de linho ou algodão; espádua: parte posterior do ombro; arminhos: brancuras; balouçar: balançar; alcova: quarto de casal; trescalar: exalar cheiro; alabastrina: cor de alabastro (branca); voluptuosa: sensual; lira: instrumento musical; cavatina: pequena área (peça musical).

A POESIA LÍRICA DE CASTRO ALVES:

Embora a lírica amorosa de Castro Alves ainda contenha um ou outro vestígio de amor platônico e da idealização da mulher, no geral ela representa um avanço decisivo na tradição poética brasileira, por Ter abandonado tanto o amor convencional e abstrato dos clássicos quanto ao amor cheio de culpa dos românticos. Em vez de “virgem pálida”, a mulher de boa parte dos poemas de Castro Alves é um ser corporificado e, mais que isso, participa ativamente do envolvimento amoroso; e o amor é uma experiência viável, capaz de trazer tanto a felicidade e o prazer como a dor. Portanto, o conteúdo de sua lírica é uma espécie de superação da fase adolescente do amor e o início de uma fase adulta, mais natural que aponta para uma subjetividade, pronunciando o Realismo.

BOA NOITE
Boa noite, Maria! Eu vou-me embora. É noite, Pois! Durmamos Julieta!
Rescende a alcova ao trescalar das flores,
A lua nas janelas bate em cheio. Fechemos sobre nós estas cortinas...
Boa noite, Maria! É tarde... é tarde... __ São as asas dos arcanjos dos amores.
Não me apertes assim contra teu seio.
A frouxa luz da alabastrina lâmpada
Boa noite!... E tu dizes__ Boa noite, Lambe voluptuosa os teus contornos...
Mas não mo digas assim por entre beijos... Oh! Deixa-me aquecer teus pés divinos
Mas não mo digas descobrindo o peito, Ao doudo afago de meus lábios mornos.
__ Mar de amor onde vagam meus desejos.
Mulher do meu amor! Quando aos meus beijos
Julieta do céu! Ouve... a calandra Treme tua alma como a lira ao vento,
Já rumoreja o canto da matina. Das teclas de teu seio que harmonias,
Tu dizes que eu menti? ... Pois foi mentira... Que escala de suspiros, belo atento!
...Quem cantou foi teu hálito, divina!
Ai! Canta a cavatina do delírio,
Se a estrela d”alva os derradeiros raios Ri, suspira, soluça, anseia e chora...
Derrama nos jardins de Capuleto, Marion! Marion!... é noite ainda.
Eu direi me esquecendo d”alvorada; Que importa os rais de uma nova aurora?!...
“ É noite ainda em teu cabelo preto...”
É noite ainda! Brilha na cambraia Como um negro e sombrio firmamento,
_ Desmanchando o roupão, a espádua nua__ Sobre mim desenrola teu cabelo...
O globo de teu peito entre os arminhos E deixa-me dormir balbuciando:
Como entre as neves se balouça a lua... --- Boa noite! Formosa Consuelo!...
Análise: a)em relação ao coito amoroso presente no texto a mulher amada tem uma reação quando o amante diz que vai embora. Ela aperta o amante ao seio, afim de amá-lo retendo-o por mais tempo;
c) Há uma reação por parte dessa mulher que difere das outras da 1ª e 2ª geração romântica: nas gerações anteriores a mulher tinha a postura mais passiva ou distante em relação ao seu homem. Nesse poema ao contrário, a mulher é participante do momento do amor;
d) Da 5ª estrofe em diante o amor pega fogo: “Desmancha o roupão, a espádua nua” e “Globo do teu peito”. Havia o desejo de nova doação;
e) Já na 5ª, 6ª e 7ª estrofe podemos observar e destacar a percepção sensorial do eu lírico através da visão, audição, tato, olfato e paladar: na 5ª estrofe predomina a visão, na 6ª o olfato e na 7ª o tato;
f) Já na 9ª estrofe o coito se concretiza, um extase ( “subir nas nuvens”) sugerido pela palavra delírio. Há uma embriaguez amorosa onde se destacam as sensações e é aí que a cena deveria ser paralisada para satisfazer a verdade sobre o romantismo, a felicidade eterna enquanto o mundo girava lá fora, bem longe dos amantes. Veja a confirmação:
Ri, suspira, soluça, anseia e chora.”
O instante de gozo:
“É noite ainda! Que importa os raios de uma nova aurora?!...”
g) Com relação ao emprego da expressão Boa noite na 1ª e na última estrofe há uma alteração de sentido de uma estrofe para outra. Observe: na 1ª estrofe, a expressão tinha o sentido de despedida; na última, como o eu lírico vai continuar com a mulher amada, o verso revela o desejo de que ela, como ele, tenha uma boa noite de amor;
h) No decorrer do poema o eu lírico chama a mulher amada de diferentes nomes: Maria, Julieta, Marion e Consuelo e todas são personagens de Histórias de um grande amor de escritores europeus. Qual a finalidade de tanta multiplicidade?
Resposta: São várias as interpretações que podemos fazer e uma delas é o desejo de universalizar a mulher e o amor; portanto, no poema não é apenas a sua amada, mas as características de uma mulher-amante. Uma síntese da mulher universal.

Sengundo ANTONIO CÂNDIDO (Formação da Literatura Brasileira vol 2, l918), “Destacando o problema do gosto... certos gelo nos permite suspender a emoção ainda que por lampejos[...] e destacar alguns aspectos negativos na obra castroalvina”:
_ “como o sabes?...” “cconfessas?..._ “Sim, confesso...”[...]

refere-se ao abuso do aposto, de exemplos “semibestialógicos, quando a vertigem oral e a necessidade de rimas não tem a sorte de encontrar solução imediata de beleza”.

Conceituando o verbo - Lição de Português

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Foto do livro A Cozinheira Nômade (saiba mais... cristogelza@gmail.com)

Por Gelza Reis Cristo

CONCEITUANDO O VERBO

Verbos: são palavras que exprimem ação, estado, mudança de estado e fenômenos meteorológicos.
Locução verbal: quando dois ou mais verbos têm valor de um, eles formam uma locução verbal, que é sempre composta do verbo auxiliar + particípio.

Nas loc. Verbais, conjuga-se apenas o verbo auxiliar, pois o verbo principal vem sempre numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio. Os verbos auxiliares de uso mais freqüente são: ter, haver, ser, estar e ir.

Quando a locução verbal é constituída de formas dos verbos auxiliares Ter e haver mais o particípio do verbo principal, temos um tempo composto:
Ela já tinha saído(ou havia saído) para o trabalho quando você me telefonou.
Na frase abaixo, a forma verbal destacada está no pretérito mais-que-perfeito composto do modo indicativo.
Ela já saíra para o trabalho quando você me telefonou.

Flexão dos verbos: Os verbos flexionam – se em número, pessoa, tempo, modo, voz.
Número e Pessoa: as três pessoas do verbo são as mesmas do discurso, ou seja, as que envolvem qualquer ato de comunicação.
• 1ª pessoa (aquele que fala): Eu escrevo bem/nós escrevemos bem.
• 2ª pessoa (aquele com quem se fala): Tu escreves bem/vós escreveis bem.
• 3ª pessoa (aquele ou aquilo de que se fala): Ele(a) escreve bem/Eles(as)escrevem bem.

• Modo indicativo – é o modo da certeza, o que expressa algo que seguramente acontece, aconteceu ou acontecerá: Eu leio todos os dias.

• Subjuntivo:é o modo da dúvida, o que expressa a incerteza, a possibilidade de algo vir a acontecer: Meus pais querem que eu leia todos os dias.

• Imperativo: é o modo geralmente empregado quando se tem a finalidade de exortar o interlocutor a cumprir a ação iniciada pelo verbo. É o modo da persuasão( convicção, certeza), da ordem, do pedido, do conselho, do convite.
• Leia todos os dias, nem que seja um pequeno texto!

Que modo usar nas orações subordinadas substantivas?
Emprega-se o indicativo geralmente nas orações que completam o sentido de verbos como afirmar, compreender, comprovar, crer (no sentido afirmativo), dizer, pensar, ver, verificar.
Emprega-se o subjuntivo depois de verbos ligados a idéia de ordem, proibição,, pedido, súplica, condição, desejar, duvidar, implorar, lamentar, negar, ordenar, pedir, proibir, querer, suplicar.
Afirmo que ele vem à reunião de formatura. Duvido que ele venha à reunião de formatura.
TEMPO: transmite uma noção temporal diferente. Leia as frases abaixo:
“Disse adeus aos pais e [...] partiu com a longa caravana[...]”
“Este é aquele com quem viverás para sempre”.
A forma verbal é se refere a algo que ocorre no momento em que se fala, enquanto a forma viverás se refere a um fato que ainda vai acontecer. Assim os verbos dizer e partir estão no pretérito (disse, partiu) , o verbo ser está no presente(é) e o verbo viver no futuro (viverás).
Flexões de tempo no modo indicativo:
 Presente – expressa uma ação que está ocorrendo no momento em que se fala ou uma ação que se repete ou perdura: Nós moramos aqui.
 Pretérito perfeito – transmite a idéia de uma ação completamente concluída: Eu joguei bola ontem.
 Pretérito imperfeito – transmite a idéia de uma ação habitual ou contínua: Ele sempre me visitava aos domingos.
Também pode transmitir a idéia de uma ação que vinha acontecendo, mas foi interrompida por outra ação:
 Nós fechávamos a porta quando as visitas chegaram.
 Pret. + que – perf. – expressa a idéia de uma ação ocorrida no passado, mas que é anterior a outra ação, também passada:
 Quando ele saiu, eu já fizera a minha lição.
 Futuro: subdivide-se em dois tempos:
 Futuro do presente – expressa a idéia de uma ação que ocorrerá num tempo futuro em relação ao tempo atual:
 Eu irei na praia amanhã.
 Futuro do pretérito – expressa a idéia de uma ação que ocorreria desde que certa condição tivesse sido atendida:
 Eu iria à praia, se estivesse de férias.

 Flexões de tempo no modo subjuntivo: tempos do modo subjuntivo –
 Presente – indica um fato incerto no presente ou exprime um desejo, sendo empregado normalmente depois de expressões como convém que, é necessário que, é possível que, tomara que, talvez: Talvez eu faça um curso de inglês este ano.
 Pretérito imperfeito – indica um fato incerto ou improvável ou um fato que poderia ter ocorrido mediante certa condição. Se ele pensasse no futuro, estudaria mais.
 Futuro – expressa a idéia de um acontecimento possível no futuro:
Quando ele chegar, nós iniciaremos a reunião.
• VOZES DO VERBO: A voz do verbo indica o tipo de relação que o sujeito mantém com o verbo. São três as vozes verbais:
• Ativa: Voz ativa quando o sujeito pratica a ação verbal, é sujeito agente.
• 1 – suj. ag. de ação verbal – o predicado pode encerrar uma ação que o suj. pratica; Maria visitou duas colegas.
• 2 – Sujeito como agente da ação verbal: passividade.
• O sujeito recebe a ação – Duas colegas foram visitada por Maria. Portanto não devemos confundir sujeito com agente.
• O agente da passiva – denota quem praticou a ação. Por Maria indica quem praticou a ação. Note-se que na passividade nem sempre se expressa o agente da ação: O aluno foi aprovado.
• O agente da passiva é iniciado pelas preposições por (per) e de sendo esta última de mais raridade: Isto foi sabido por todos; Isso foi sabido pelo pessoal; Isto foi sabido de todos.
• Atenção: transformação da voz ativa para a voz passiva e vice-versa.
• Ontem o professor repreendeu os alunos.
• Na transformação da voz ativa para a voz passiva só nos interessam três termos da oração: o sujeito, o verbo, e o objeto direto. O sujeito porque ele será o agente da passiva; o verbo porque terá de sofrer o acidente que caracteriza a forma passiva dos verbos; o objeto direto que será o sujeito da passiva.
• Sujeito: o professor; verbo: repreendeu; objeto direto: os alunos.
• VOZ ATIVA VOZ PASSIVA
• Sujeito: o professor - agente da passiva: pelo professor
• Verbo: repreendeu - foram repreendidos
• Obj. direto: os alunos - suj. os alunos.
• OS OUTROS TERMOS DA ORAÇÃO CONTINUAM SEM ALTERAÇÃO.
• Se na ativa o sujeito for constituído por pronome reto, na passiva passará a pronome oblíquo tônico equivalente, precedido das preposições por ou de. Por outro lado, se na ativa, o objeto direto for constituído por pronome oblíquo (átono ou tônico), na passiva passará a pronome reto equivalente:
• ATIVA PASSIVA
• Eu o vi - Ele foi visto por mim
• Sujeito: eu - agente da passiva: por mim
• Verbo: vi - verbo: foi visto
• Obj. direto: o - sujeito: ele.
• Se, na voz ativa, o verbo aparecer na 3ª pessoa do plural, para indicar sujeito indeterminado, a passiva não se acompanha do seu sujeito agente:
• Roubaram-me - eu fui roubado
• Voz ativa voz passiva
• Sujeito: X - agente da passiva X
• Verbo: roubaram - verbo: fui roubado
• Objeto direto: me - sujeito: eu
• Em todos os exemplos apontados, notamos com facilidade que o verbo da ativa conserva seu tempo e modo, na passagem para a passiva. Não coincide o sujeito da voz ativa com o sujeito da passiva, é claro que quase sempre não se dá a conservação da pessoa gramatical.
• Se, na voz ativa o verbo é um tempo composto, na passagem para a passiva basta acrescentar-lhe o particípio sido, variando-se em gênero e número o último particípio. Em se tratando da passagem da passiva para a ativa, nas condições apontadas, basta retirar o particípio sido e tornar invariável em gênero e número o último particípio.
• Nós temos ouvido bons programas - Bons programas têm sido ouvido por nós
• VOZ ATIVA - VOZ PASSIVA
• Sujeito: nós - agente da passiva: por nós
• Verbo: temos ouvido - Verbo: têm sido ouvidos
• Objeto direto: bons programas - Sujeito: bons programas
• Finalmente, se a voz passiva é indicada pelo pronome apassivador, se, para passar à voz ativa basta suprimir este pronome, e por o verbo no plural; se já não estiver:
• Alugam-se casas Alugam casas
• Voz ATIVA VOZ PASSIVA
• Sujeito: casas - Objeto direto: casas
• Verbo: alugam-se - verbo: alugam
• Agente da passiva X - Sujeito X

Observação: Lembre-se de que o verbo na 3ª pessoa do pl. serve p/ indicar Suj. indeterminado. Ora, na passiva pronominal não vem expresso o agente, razão porque não se pode determinar o sujeito da ativa. Com o verbo no singular:
Vende-se este apartamento Vendem este apartamento.

terça-feira, 17 de maio de 2011

OS MENINOS DE JOÃO ROMÃO

Texto de Gelza Reis Cristo

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Eu queria tocar seu coração como o meu foi tocado ao ouvir aquela história. Eu queria que você, caro leitor, sentisse o que eu senti quando ouvi a história da adoção dos meninos de João Romão da Silva. Aquilo era coisa do destino ou de um homem incomum que queria encher a casa de filhos custasse o que custasse. Ele já havia criado três mulheres e agora estava tentado pelo amigo Ezequias a adotar os seus três filhos ainda pequenos; o maior com pouco mais de 10 anos. O pai se encontrava no leito de morte e só confiava seus três meninos ao seu melhor amigo João Romão, o cosipano que por infortúnio do benzeno virou pedreiro.
Quando a jovem Valdenise começou a narrar os fatos nos mínimos detalhes pensei tratar-se de exagero ou ficção. Mas a verdade vinha do entusiasmo da moça e do orgulho do feito do seu pai. Pelo rumo da história tudo era mesmo obra do destino de dois homens numa encruzilhada da vida.
João Romão, homem simples, e trabalhador da COSIPA vivia mesmo para a mulher e mais três filhas, uma família feliz. Contudo houve uma época de nuvens negras na grande firma de Cubatão onde trabalhava. E não era apenas um caso isolado, o “benzinismo”, uma doença que na época devastou muitas famílias. A “Leucopenia” gerada pelo benzeno levou muitos trabalhadores a um afastamento precoce. No entanto, João Romão iniciou uma atividade como pedreiro para não se render àquela doença. E foi aí nesse atalho que um tombo de um telhado complicou a sua vida. Na opinião dos médicos a sua coluna não teria mais conserto. A família e os amigos começaram a orar e acreditar que havia salvação. Ezequias da Silva Borges era seu vizinho e também melhor amigo. Não havia mulher pra separar grande amizade. “Amigo João Romão, tu vai ficar bom e ainda há de construir o meu barraco pra abrigar os meus filhos.” Dizia o Ezequias.
“Deixa disso meu grande amigo, não vê que minha mulher não quer me vê mais no trabalho?”. Interrogava o João Romão.
“Você vai ficar curado e construir o meu telhado”. Era a frase repetida do vizinho mais chegado do pedreiro, seu amigo.
João Romão ficou beleza e construiu mais uma casa e dessa vez a doença pegou de jeito o amigo Ezequias que ficou desenganado. A bruxa varreu a casa e levou sua mulher que não servia pra nada. Pois disse até pro Juiz que seus filhos não queria provando pra esta vida que ficou sem serventia. A história começou quando a mesma inventou uma tal de antipatia pelo amigo do marido que o via todo dia. E plantou a ojeriza só pra abandonar os filhos logo agora que o Esequias sofria na agonia de falhar para os seus filhos. Por Deus amigo Romão, me prometa adotar os meus filhos tão queridos que não posso mais cuidar. Você viu que a mãe deles é mesmo mulher-errada que nem dos filhos quer cuidar.
João Romão dali saiu pra consultar a família mesmo tendo a certeza que seu coração batia por três meninos lá em casa pra completar a família. Reuniu sua mulher e também as suas filhas. Olhou para a Valdenise, depois para a Valdire no silêncio a Viviane foi chegando mais a frente para ouvir a decisão de um homem de família. Dessa vez Maria de Nazaré, a mulher de João Romão fez jus ao nome de Maria chará da mãe de Jesus ao abraçar o marido pela sabia decisão de adotar os meninos sabendo que Esequias esperava pela morte no raiar de um novo dia. Mas cá para nós, meus queridos leitores, aqui no nosso país o processo de adoção é como uma penitência sem importar o grau de cada situação. E a espera mais penosa foi a do pai dos meninos que padecia por antecedência das perdas que lhe viriam. Mas o tempo foi passando e o dia enfim chegou e no sol do meio dia o senhor Ezequias assinou o papel da tão esperada adoção, tornando assim o João Romão um pai da compaixão, pois no final daquele dia velou o seu melhor amigo com o coração nas mãos. Mas muito ciente da sua nova missão.
Pensei que essa história já havia terminado mais lembrei do entusiasmo da mocinha Valdenise que contou com tanta graça e de olhar de vagalume sobre o irmãozinho pequenino quando ainda bem novinho sem saber que um homemzinho usava uma cuequinha. Ao ganhar a vestimenta, o menor dos três meninos fazia mesmo questão de baixar a bermudinha e mostrar para as visitas que ganhara a cuequinha.

__Você sabia?
“Alterações hematológicas em pacientes expostos cronicamente ao benzeno”

João Romão e mais centenas de trabalhadores da COSIPA foram vítimas do benzeno. A “leucopenia” causa alterações hematológicas do sangue periférico e da medula óssea em pacientes expostos cronicamente ao benzeno. Este hidrocarboneto é utilizado como matéria prima ou solvente nas industrias siderúrgicas. “No início da década de 80, o Município de Cubatão, no Estado de São Paulo, passou a ocupar as páginas do noticiário devido às denúncias da ocorrência de poluição ambiental decorrentes do parque industrial nele instalado. A partir de 1979, trabalhadores da Companhia Siderúrgica Paulista (COSIPA) começaram a apresentar alterações hematológicas quantitativas, com redução de número de leucócitos. A divulgação deste fato gerou desconfiança e a partir de 1985, centenas de trabalhadores foram afastados de suas atividades por “leucopenia” que, de dado hematológico usual, passou a sinônimo de benzenismo.”
Fundamentação Ciêntífica:
Fonte: Revista de Saúde Pública, vol. 27 nº 2 São Paulo Apr. 1993.

Crônica - Quando o homem de paletó chorou

Autora: Gelza Reis Cristo


Envergonhado retirou o paletó e virou o punho da manga de camisa. Depois desceu levemente o corpo ficando de cócoras. Abafou o rosto com as mãos, e usou o paletó como lenço. A moça embaraçada já sentia dó daquele homenzarrão com gestos de criança perdida. Ia tentar levantá-lo quando a porta do elevador abrira. Meia dúzia de curiosos esticavam o pescoço para saber quem ficara preso no elevador. Sei lá por quanto tempo...
Dispersaram cada um para o seu destino. Ele permaneceu pensativo e cabisbaixo.
“Onde está a sua mãe?”. Perguntou ao seu filho mais velho.
“Foi para o hospital porque se queimou na cozinha”. Como? Gritou o pai.
“Estava fazendo aquela carne-de-panela que o senhor diz somente ela saber fazer”. “Ela disse que estava cansada” __ retrucou o menino.
“Maldita panela ou maldito sou eu?”. “Apesar de termos uma empregada fico exigindo mimos quando sei que nem mereço, sou um covarde” __ quando seguia para o hospital já tinha um bom motivo para chorar, mas não chorou.
Na maca estava Rosa sua mulher e com seu rosto lindo que graças a Deus escapara do acidente. Seus cabelos lindos da cor de caju que já não eram mais naturais. Todavia toda a agressão causada pelo acidente fora no seu pescoço que jamais ostentaria as jóias que ele lhe dera e quê dizer das suas belas mãos agora enfaixadas. Por todo o colo havia pomada protegendo as bolhas molhadas de lágrimas da dor, decepção, mágoa e desamor. Estas desciam de seus olhos que eram a essência da angustia fixados no marido que se mantinha calado e muito pesado. Enfim o homem falou:
“Perdoe-me querida, peça já o que mais deseja da vida e não terás somente a minha palavra. Mas um pouco mais de atenção”. Curvou-se sem chorar. Beijou-a nas faces.
“Eu quero a minha alma de volta, a minha arte de pintar, o meu mundo colorido que você tirou de mim por ciúmes” __ Afirmou num soluço que os seus quadros eram a sua alma.
“Maldito elevador que me fez chorar!”. “ O quê?” __ Nada. Disse ele sorrindo.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Florbela Espanca

FLORBELA ESPANCA

Confrontam-se aqui duas obras, duas poesias do mesmo título, de Florbela Espanca. As poesias, com o mesmo título: “EU”. Neste trabalho podemos estabelecer uma comparação entre os dois momentos do eu-lírico quando tenta buscar uma definição para si próprio, utiliza-se dos recursos da arte literária para formar a imagem de si mesmo. A poetisa busca através da arte construir uma definição do “eu” em marcas profundas, numa indefinição onde estabelece um conceito onde tenta encontrar a auto-definição por definição. “Sai a que no mundo anda perdida”. O pronome demonstrativo a (aquela), é usado para mostrar e denunciar ou definir algo. Qual a definição procurada e questionada?
Como a arte é valiosa, poucos vêm e poucos notam, ela se encontra em todas as direções, ora como sonho, ora sofrida e mal amada, ora nunca vista: morta. Todos passam e a cegueira não permite a visão do belo que parece triste e da dor não compreendida. Numa Segunda leitura podemos perceber nos versos de Florbela um certo grau de distanciamento: o que, aquela que. Mas, quem é aquela quê? Um eu-lírico que generaliza aquilo que se diz dele mesmo e algumas vezes indetermina o que se diz. Por vezes se distância o “eu” do “eu” um sendo a essência e outro a mente. Há um confronto de valor e perdição, ora existe, ora não se sente. Por vezes sonha, por vezes sofre. Escuridão, incertezas, nuvem que passa sem ser notada e que se dissipou sem ser vista ou notada. Mostra um “eu” latente que... no mundo anda perdida” e em outro tempo diz que é um “eu” que não tem norte, sem direção e sem objetivo.

EU...

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do sonho, e desta sorte
Sou a crucificada... a dolorida...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber por quê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!

X

EU

Até agora eu não me conhecia,
Julgava que era Eu e eu não era
Aquela que em meus versos descrevera
Tão clara como a fonte e como o dia

Mas que eu não era Eu não sabia
E, mesmo que o soubesse, o não dissera...
Olhos fitos em rútila quimera
Andava atrás de mim... e não me via!

Andava a procurar-me __ pobre louca! __
E achei o meu olhar no teu olhar,
E a minha boca sobre tua boca!

E esta ânsia de viver que nada acalma,
É a chama da tua alma a esbrasear
As apagada cinzas da minha alma!

No segundo poema, acontece o confronto do “eu” que não se encontrava e não era visto, com o “eu” real com a alma em chamas. O passado estava sendo observado como uma sombra de loucura que passara e dava espaço para o ver e o sentir. O “eu-lírico” se apresentava como um espelho afogueando a sua alma que queria viver e apagar es nevoas do passado dando espaços para as suas qualidades, mostrando-se um ser que tem sentimentos e é capaz de ver a vida como o bem mais precioso. O passado passou a ser algo questionável dentro dos novos valores. A razão do “penso, logo existo” foi notada no brilho do olhar pelo olhar e na visão do passado apenas como cinzas que se dissiparam nas nuvens do passado.

Como síntese, o primeiro poema é a morte a passar pela vida, e o Segunda como sendo a vida ressucitando um “EU” que no passado havia morrido. Nascia uma luz de entendimento entre o “Eu” mais o eu-lírico onde a vida (com sonhos e ilusões) vencia a morte vista como cinzas do passado.
” - ... rútila quimera”. Mesmo que se conhecesse ainda tinha sonhos e ilusões. Na
poesia II o sentido do vazio foi achado e houve a necessidade de completar-se um ao outro: “até agora eu não me conhecia” . Buscando a arte como refugio.

A Lírica Camoniana

A LÍRICA CAMONIANA

Transforma-se o amador na cousa amada,
Por virtude do muito imaginar;
Não tenho logo mais que desejar,
Pois em mim tenho a parte desejada.

Se nela está minha alma transformada,
Que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
Pois consigo tal alma esta liada.

Mas esta linda e pura semidéia,
Que como o acidente em seu sujeito,
Assim como a alma minha se conforma,

Esta no pensamento como idéia;
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.

Luiz Vaz de Camões

Antero de Quental - Por Gelza Reis Cristo




O ESTUDO ANALÍTICO DOS POEMAS:

A UM CRUCIFÍXO

Há mil anos, bom Cristo, ergueste os magros braços
E clamaste da cruz: há Deus! E olhaste ó crente,
O horizonte futuro e vistes , em tua mente
Um alvor ideal banhar esses espaços!

Por que morreu sem eco o eco de teus passos,
E de tua palavra (ó verbo!) o som fremente?
Morrestes...ah! Dorme em paz! Não voltas, que descrente
Arrojaras de novo à campa os membros laços...
Agora, como então , na mesma terra erma, A mesma humanidade é sempre a mesma enferma, Sobre o mesmo ermo céu, frio como um sudário...
E agora, como então viras ao mundo exangue,
E ouviras perguntar - de que serviu o sangue
Com que regaste ó Cristo, as urzes do Calvário?


(LENDO, PASSADOS 12 ANOS, O SONETO DA PARTE 1ª QUE TEM O MESMO TÍTULO)




Não se perdeu teu sangue generoso,
Nem padeceste em vão, quem quer que foste,
Plebeu antigo, que amarrado ao poste
Morreste como vil e faccioso.

Desse sangue maldito e ignominioso
Surgiu armada uma invencível hoste...
Paz aos homens e guerras aos deuses! __pôs-te
Em vão sobre um altar o vulgo ocioso...

Do pobre que protesta foste a imagem:
Um povo em ti começa um homem novo:
De ti data essa trágica linhagem.
Por isso, nós, a plebe, ao pensar nisto,
Lembraremos herdeiros desse povo,
Que entre nossos avós se conta Cristo


(ANTERO DE QUENTAL).
A forte religiosidade de Antero está presente nos dois sonetos que serão analisados a seguir. O inconformismo leva-o a uma forma lírica por excelência com um desejo de mudança que aflora o eu lírico do poeta olhando o mundo como um infinito a ser explorado pelo homem que tem uma necessidade de mudar e sabe que só mudando a mentalidade de um povo é que se conquista as ações. Sendo um ser completo e em constante mutação; veremos os paradoxos estabelecidos pelo pensamento do poeta vendo o Cristo como a LUZ da humanidade.

A UM CRUCIFÍXO I

1ª estrofe: durante muitas gerações Cristo foi o guia da humanidade, por ela sofreu e foi crucificado. Clamou por Deus porque via um clarão no horizonte futuro do seu povo.
2ª estrofe: o eu lírico do poeta já observava um vazio no sacrifício de Cristo e quando diz ó verbo! Vê Nele muitas ações e pede que Ele não volte porque o povo descrente arremessaram na campa os laços, ou seja; a fé que os moviam.
3ª estrofe: não vendo mudanças no povo; tudo fora em vão e a humanidade continuava acomodada sob um céu desabitado do Cristo que representava o fim das angustias através da fé. Não havendo um Cristo, o povo tinha apenas um céu desabitado.
4ª estrofe: exausto, pessimista, o eu lírico vê todo o sacrifício de Cristo em vão e indaga ao povo para que serviu o sangue derramado nas raízes do sofrimento da peregrinação de Cristo.



A UM CRUCIFIXO II (SEGUNDA PARTE).


1ª ESTROFE: o eu lírico reconhece o valor da passagem de Cristo quando diz que nem padeceste em vão quem quer que foste e duvidando da sua fé na existência de Cristo mencionou que Ele morreu desprezado e revoltado.

2ª estrofe: deprimido, o poeta culpa a Cristo pelo fanatismo religioso do povo português quando diz desse sangue maldito e ignominioso . Vê a nobreza como inimigos e declara guerra a esses deuses e paz aos homens capazes de mudanças.

3ª estrofe: há uma oscilação entre o místico e o racional e passa a pensar no surgimento de um novo homem vindo da plebe como semelhança de Cristo; ou seja, alguns já pensam em mudanças.

4ª estrofe: Cristo em igualdade com a plebe, herdeiros de uma fé inabalável pela tradição. O poeta critica no sentido religioso; mas continua querendo mudar a mentalidade do seu povo.

COMPARAÇÃO: no primeiro poema o eu lírico mostra um pessimismo e não vê uma saída para as mudanças desejadas nem mesmo através de Cristo que era o modelo do povo religioso. No segundo poema, apesar de dividido, ao perceber que a sociedade conservadora dominava, passou a ver uma saída na plebe.

CONTRIBUIÇÃO DE ANTERO DE QUENTAL PARA A LITERATURA E PARA A FORMAÇÃO DO ALUNO DE LETRAS.

Antero contribuiu para o engrandecimento da “ LITERATURA PORTUGUESA” que através da “Questão Coimbrã” formou-se um confronto literário entre ele e Castilho. Preocupado com as questões sociais não como cultura local; mas com uma visão voltada para outros movimentos em andamento na Alemanha, França e Espanha, sobretudo aliado ao pensamento de Hegel e Hartmann. Foi contra os hábitos mentais do povo português: passivos, acríticos, improdutivos, acriativos, em oposição, aliás, aos momentos progressivos de Portugal.
(Joaquim Matos, p. 1).

Como formação para o aluno de Letras, Antero elaborou a primeira teoria do moderno realismo português, aprofundou a filosofia da história portuguesa, deu um novo sentido a luz das melhores esperanças européias- 1869-74 e fez a melhor crítica nacional ao positivismo do século XIX que se tornou corrente dominante da nossa opinião filosófica.
(História da Literatura Portuguesa –926).

Poema sem título - anônimo

Todo sujeito é livre para conjugar o verbo que quiser
Todo verbo é livre para ser direto ou indireto
Nenhum predicado será prejudicado
Nem tampouco a frase, nem a crase
Nem a vírgula e ponto final
Afinal, a má gramática da vida
Nos põe entre pausas
Entre vírgulas
E estar entre vírgulas
Pode ser aposto
E eu aposto o oposto
Que vou cativar a todos
Sendo apenas um sujeito simples
Um sujeito e sua visão
Sua pressa e sua prece
Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para a nossa oração
Adjuntos ou separados
Nominais ou não
Façamos parte do contexto
Sejamos todas as capas de edição especial
Mas, porém, contudo, todavia
Sejamos também a contracapa
Porque ser a capa e ser contracapa
É a beleza da contradição
É negar a si mesmo
E negar-se a si mesmo
É muitas vezes encontrar-se com Deus
Com o teu Deus
Senhoras e Senhores
Que nesse momento em que cada um se encontra agora
Um possa se encontrar ao outro
E o outro no um
Até por que
Tem horas que a gente se pergunta...
Por quê é que não se junta tudo numa coisa só?

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Basílica de Nossa Senhora Aparecida

Basílica de Nossa Senhora Aparecida
Por Gelza Reis Cristo





Visitar a Catedral de Aparecida do Norte é tornar-se peregrino da fé. A igreja é um monumento em arquitetura moderna onde tudo é imenso. O fiel começa a sua caminhada visitando a casa das velas, depois assiste a missa. E quando resolve conhecer a Basílica nem sabe por onde começar e segue pelos corredores enormes seguindo as setas: casa do pão, casa das promessas, confessionário, museu. Neste tem imagens e outras doações históricas de grande patrimônio. Há também a loja de lembranças, a praça da alimentação e o comercio de santos e toda espécie de artigos religiosos. A passarela que liga a igreja velha até o Santuário é também uma atração. São dez milhões de pessoas que visitam a Padroeira do Brasil anualmente. A cidade de Aparecida do Norte fica entre São Paulo e Rio de Janeiro. Esta cidade religiosa vive do comercio dos artigos da Padroeira do Brasil e outros santos.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Conheça o livro A Cozinheira Nômade


Aqui tudo é caseiro! Mande e-mail para a autora: cristogelza@gmail.com
















A COZINHEIRA NÔMADE = Livro de Culinária
Autora: Gelza Reis Cristo


A Cozinheira Nômade é um romance culinário que conta a saga da decepção amorosa de Raíssa, jovem nordestina, que resolveu fugir para a cidade grande depois que sofreu maus tratos do marido. Torna-se cozinheira e salva a dona Sophia da depressão. Apresenta e explica várias receitas intercaladas com a história.

A segunda parte do livro é o resultado da experiência da autora na área de quitutes e triviais. Contêm mais de 140 receitas testadas e aprovadas pela cozinheira e seus clientes.

Pensar no produto final de A Cozinheira Nômade é ver o resultado passo a passo da arte de cozinhar ao longo dos anos. Gelza uniu paixão e experiência profissional ao elaborar 200 páginas com receitas variadas, ilustrações e uma narrativa dramática. Este livro não é uma compilação de receitas aleatórias. A autora afirma o ineditismo de algumas receitas quando apresenta massas nutritivas e distintas como também cardápios variados com produtos da feira à moda da casa. E para explicar tudo nos mínimos detalhes criou uma novela ficcional em que a protagonista ensina a outras personagens da história a adentrarem no ramo da culinária.

A autora: Gelza Reis Cristo é escritora, culinarista, poeta, declamadora e professora da rede estadual de ensino. Iniciou carreira literária em 1996, com a publicação de poemas e crônicas na antologia "A Lua e a Pena", a qual teve quatro edições. Outras produções e antologias: "Momento do Poeta" (Secretaria de Cultura de São Vicente); Coletânea Acalanto (Ed. Taba Cultural – RJ); Coletânea Almas Densas (Barra Bonita/SP) e Antologia de Poesias, Contos e Crônicas (Ed. Scortecci). Em 1999 editou seu primeiro livro: "Meu Universo Interior I”. Premiações: 1º lugar no Concurso de Poesias da Secretaria da Cultura de São Vicente, em homenagem ao escultor Geraldo Albertine. O poema "Glória a Geraldo Albertine" está exposto no Museu do Escravo, no Horto Municipal de São Vicente. Obteve também menção honrosa pelo Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente, no I Concurso Literário Lusófono "Cellula Mater", com o poema "D. Manuel o Soberano da Glória".


Título: A Cozinheira Nômade – As mãos que balançam o grama
Edicon
Autora: Gelza Reis Cristo
Fone: (13) 34686817

Bolo Diet de Limão

Autora: Gelza Reis Cristo



Ingredientes:

1 xícara de chá de farinha de trigo branca
1 xícara de chá de farinha de trigo integral
2 xícaras de chá de açúcar Diet forno
1 colher de sopa de fermento em pó
6 ovos
3 colheres de sopa de margarina light bem cheia
Raspas de dois limões
Suco de dois limões (meia xícara de chá)

Modo de Fazer:
Na batedeira, primeiro às claras em neve; depois as gemas e a margarina. Bata bem formando um creme. Misture os ingredientes secos e adicione o creme mais o suco de limão, mais o açúcar e misture com uma colher de pau. Por último às claras e as raspas do limão. Ao untar a forma polvilhe com raspas de limão. Leve ao forno (aquecido previamente) por 35 minutos.