sexta-feira, 25 de abril de 2014

SAGARANA - Adaptação do conto para o teatro




GÊNEROS TEXTUAIS:
ADAPTAÇÃO DO CONTO PARA O TEATRO









Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Língua Portuguesa.

Orientador: Ms Paulo Eduardo Mendes da Silva












Campinas
2011

DEDICATÓRIA




















Dedico esse TCC e minha especialização em Língua Portuguesa, feitos com muito amor, dedicação e empenho,
Ao meu esposo, José Antônio Cristo, e aos meus filhos, Vanessa Reis Cristo, Verônica Reis Cristo e Rodolfo Reis Cristo, pelo apoio da família e compreensão durante todo o curso.

AGRADECIMENTOS


            À Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo (SEE-SP), que, por meio do Programa Rede São Paulo de Formação de Docente – REDEFOR, possibilitou a realização deste Curso de Especialização em Língua Portuguesa, através de convênio com o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

            À Dra. Roxane Rojo, pela capacidade de pesquisa contínua no universo da Linguística – sem os seus textos continuaríamos menos letrados. À Profª. Elisabete Aparecida Alves Soares, a nossa tutora, pela sua capacidade de sanar dúvidas no nosso curso on-line do AVA, esse espaço gigantesco a caminho do nosso engrandecimento profissional. Estamos honrados e agradecidos.

            À Dra. Márcia de Paula Gregório Razzini, pelo apoio direto aos membros deste curso, que prestou apoio fundamental para a realização deste trabalho, nossos agradecimentos.
            Ao Ms Paulo Eduardo Mendes da Silva, meu orientador, pela paciência com as minhas falhas no manejo do hipertexto.

            Agradeço, também, aos colegas, todos os que persistiram nessa jornada, e aos que ficaram no meio do caminho para que, no amanhã, possam completar os sonhos barrados pelas nuvens que passam no nosso dia a dia. A todas as pessoas que participaram, contribuindo para a realização deste trabalho, direta ou indiretamente.





















A sociedade do conhecimento é uma sociedade de aprendizagem. O sucesso econômico e uma cultura de inovação contínua dependem da capacidade dos trabalhadores de se manter aprendendo acerca de si próprios e uns com os outros. Uma economia do conhecimento não funciona a partir da força das máquinas, mas a partir da força do cérebro, do poder de pensar, aprender e inovar.
                               Andy Hargreaves






RESUMO

Este Trabalho de Conclusão de Curso, requisito para a obtenção do título de Especialista em Língua Portuguesa, tem por objetivo apresentar e discutir uma Sequência Didática (SD) elaborada para alunos 2º ano do Ensino Médio.  Nesta SD, propõe-se uma metodologia para a adaptação do conto para o teatro na sala de aula, cujo texto será escolhido pelos alunos a partir da leitura dos contos de Sagarana, livro de Guimarães Rosa. Dentro desse gênero, o alunado deverá trabalhar em grupo para transformar o conto em peça teatral. Para tanto, a SD inclui a apresentação das técnicas do teatro, bem como de conceitos teóricos da esfera do conto.


Palavras-chave: Esfera Literatura; Gênero “conto”; Sagarana, Guimarães Rosa; Sequência Didática; Teatro; Ensino Médio.






























ABSTRACT

This Final Work Course, requirement for obtaining the title of Portuguese Language Specialist, aims to present and discuss one Instructional Sequence (IS) prepared for High School Students. This IS includes a methodology to adapt a tale for theater in school. The text will be chosen by students after reading all Sagarana tales, written by Guimarães Rosa. Within this genre, sudents should work in group to turn the tale into a play. For this purpose, IS includes a presentation of the techniques of the theater, as well as theoretical concepts of the sphere of the tale.

Keywords: Literature Sphere, "tale" Genre; “Sagarana”, Guimarães Rosa; Instructional Sequence; Theatre; High School.






















SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 01
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 03
2.1 Gêneros textuais e ensino............................................................................. 03
2.2 A esfera comunicativa literária..................................................................... 05
2.3 O gênero conto................................................................................................ 07
3. ANÁLISE COMENTADA DA PROPOSTA DE SEQUÊNCIA DIDÁTICA..... 09
3.1 Informações gerais......................................................................................... 09
        3.1.1 Objetivos esperados............................................................................ 11
        3.1.2 Características da turma..................................................................... 11
3.2 A organização da SD...................................................................................... 11
3.3 As atividades propostas em cada unidade de trabalho............................ 12
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................. 16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 17
ANEXO: SEQUÊNCIA DIDÁTICA: Adaptação do conto para o teatro.............. 20



























1. INTRODUÇÃO
           
            Nos anos 1990, a escola pública passou por grandes transformações até atingir a universalização do Ensino Básico no Brasil. Hoje, verificamos que o mesmo processo está acontecendo com o Ensino Médio e Superior no País. Para Rojo (2009), a diversidade cultural, tanto de alunos quanto de professores das classes populares, trouxe para as escolas públicas letramentos antes desconhecidos, o que significou conflitos quanto às práticas valorizadas e não valorizadas nas escolas. A autora salienta que essa diversidade modificou o ambiente escolar de modo que a escola hoje é um universo de letramentos múltiplos. Contudo, mesmo com os impactos visíveis do letramento escolar, isso não significa a permanência nem a qualidade do ensino.

Lemov (2011) discorre no seu texto que a leitura é uma competência essencial para a formação crítica do cidadão. “Somos o que lemos e como lemos. Não há outra atividade capaz de gerar tanto valor educacional.”  Contudo, afirma o autor, a carga de leitura é baixa na maioria das escolas, mesmo nas aulas de literatura ou outras disciplinas que exigem maior leitura.  “Tornar a leitura altamente produtiva e eficiente em sala de aula é uma habilidade essencial, independentemente da disciplina ou do ano que o professor ensina.” (LEMOV, 2011, p.271).

Ainda de acordo com LEMOV (2011), todos os professores devem ser professores de leitura e devem ser capazes de desenvolver habilidades importantes para os seus alunos, como a decodificação, a leitura rápida de um texto, a atenção para o vocabulário e compreensão do texto.

A falta de leitura em sala de aula também é um problema abordado por ROJO (2004, p.1). Segundo a autora, a população brasileira, apesar de possuir uma formação escolar oficial maior do que no passado, não ampliou seus índices de leitura. Ou seja, a escolarização, no caso da sociedade brasileira, não levou à formação de leitores e produtores de textos proficientes e eficazes. Em muitos casos, a escolarização fez justamente o contrário, restringindo o hábito da leitura a uma pequena elite. Para LERNER (2002):
Ensinar a ler e escrever é um desafio que transcende amplamente a alfabetização em sentido estrito. O desafio que a escola enfrenta hoje é o de incorporar todos os alunos à cultura do escrito, é o de conseguir que todos seus ex-alunos cheguem a ser membros plenos da comunidade de leitores e escritores. (LERNER, 2002, p.17)

A autora lança desafios para transformar o ensino da leitura e da escrita no sentido de formar leitores/cidadãos, não apenas transformar o aluno em um sujeito que decifra códigos. Para LERNER (2002), é preciso formar leitores que saberão escolher o material escrito adequado para resolver possíveis problemas.
           
            Tendo em vista este cenário, este trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo discutir uma Sequência Didática (SD) elaborada para os alunos do 2º ano do Ensino Médio. A SD apresenta uma metodologia para a adaptação do conto para o teatro em sala de aula, cujo texto será escolhido a partir da leitura dos contos de Sagarana, de Guimarães Rosa. O objetivo é incentivar os alunos na leitura de clássicos de nossa literatura, utilizando para isso recursos do universo teatral, como a oralidade, a interação e a criatividade. Nesta proposta, os alunos irão ampliar a capacidade de leitura e compreensão das características do gênero conto, além de desenvolver habilidades como o trabalho em equipe e a expressão oral e escrita. 












2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Gêneros Textuais e ensino
            
            A expressão “gênero” começou a ser utilizada no estudo ocidental da literatura, inicialmente com Platão, para então se concretizar na obra “Retórica”, de Aristóteles. Conforme aponta Marcuschi, “o estudo dos gêneros não é novo, mas está na moda” (MARCUSCHI, 2008, p.147). O autor explica o trabalho de análise dos gêneros textuais:

Isso está tornando o estudo de gêneros textuais um empreendimento cada vez mais multidisciplinar. Assim, a análise de gêneros engloba uma análise do texto e do discurso e uma descrição da língua e visão da sociedade, e ainda tenta responder a questões de natureza sociocultural no uso da língua de maneira geral. O trato dos gêneros diz respeito ao trato da língua em seu cotidiano nas mais diversas formas. (MARCUSCHI, 2008, p.149)

            O estudo de Bakhtin (2006) sobre a definição do gênero do discurso envolve aspectos de natureza oral e escrita, explorando o emprego da linguagem em cada uma delas. Segundo o autor, a atividade humana de qualquer natureza se realiza por meio de um gênero, que pode ser primário ou secundário. Nos gêneros de discurso primários são aqueles nos quais a linguagem cotidiana se manifesta. Já os gêneros de discurso secundários são relacionados modos de comunicação mais complexos, tomando principalmente a forma escrita. Contudo, a condição de produção do discurso não se dá somente pelo conteúdo temático, mas pelo estilo da linguagem, recursos lexicais selecionados, fraseológicos e gramaticais. Nesta construção, elementos como a temática, o estilo e a composição estão interligados e são determinados por algum campo de comunicação.

            Bakhtin explica que a riqueza dos gêneros do discurso é tão ampla que se torna inesgotável as possibilidades da multiforme atividade humana. Isso porque em cada canto dessa atividade é integral o repertório dos gêneros do discurso. Para ele, esse repertório cresce e se diferencia à medida que se desenvolve num determinado campo. A heterogeneidade dos gêneros do discurso (orais e escritos) é observada nos diálogos do cotidiano, como documentos oficiais, manifestações publicísticas (sociais e políticas) e do provérbio. Atualmente, por exemplo, verificamos o surgimento de gêneros digitais, como o hipertexto, o e-mail, o chat e o blog. São eles que hoje substituem outros gêneros textuais, como a carta, conforme foi visto ao longo do curso de pós-graduação REDEFOR/UNICAMP/2011.

            Sobre os gêneros artístico-literários, Bakhtin afirma que, desde a Antiguidade até os nossos dias, eles foram estudados somente no âmbito da literatura e, apesar de serem diferentes dos demais gêneros, possuem com eles uma mesma natureza verbal comum. Desse modo, a língua, por meio de enunciados concretos, passa a integrar a vida das pessoas.

            A Proposta Curricular do Estado de São Paulo, da Secretaria Estadual da Educação, tendo em vista os Parâmetros Curriculares Nacionais, propõe um currículo voltado para o estudo dos gêneros textuais no ensino da língua materna, tanto oral quanto escrita.

            Trabalhar com gêneros textuais em sala de aula, sob a forma de uma sequência didática, foi um tema amplamente discutido por Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 96-7). Segundo os autores, quando nos comunicamos, nós estamos nos adaptando a uma situação de comunicação. No texto escrito, isso significa que nós nunca escrevemos da mesma maneira porque cada situação requer um gênero diferente. Por esta razão, cada texto possui características diferentes. Apesar das diferenças, é importante apontar que os gêneros textuais também carregam características semelhantes entre si.

            As sequências didáticas são compostas por uma estrutura-base, formada por módulos, com o objetivo de apresentar uma situação e um produto final. Esses módulos são constituídos por várias atividades ou exercícios. Em sala de aula, quando uma situação é apresentada ao aluno, objetiva-se a discussão do problema sob a forma de um trabalho coletivo que, por sua vez, levará a produção de um gênero oral ou escrito.

2.2 A esfera comunicativa literária

            Estudar o gênero conto é conhecer as suas especificidades. E, sendo o conto o objeto da SD em análise, faz-se necessário caracterizar o que entendemos por esfera literária.

            Terry Eagleton, em Teoria da Literatura (2006, p. 3-4), apresenta algumas definições e possibilidades para a esfera literária. Ele afirma que muitas são as tentativas de definir a literatura como “escrita imaginativa”, no sentido de ficção, porque esta esfera emprega a linguagem de forma peculiar. Já o formalista russo Roman Jakobson afirma que a literatura é uma “violência organizada”, transformando e intensificando a linguagem comum. Podemos observar a tentativa dos críticos em entender as particularidades do texto literário:

À crítica caberia dissociar arte e mistério e preocupar-se com a maneira pela qual os textos literários funcionavam na prática: a literatura não era uma pseudo-religião, ou psicologia, ou sociologia, mas uma organização particular da linguagem. Tinha suas leis específicas, suas estruturas e mecanismos, que deviam ser estudados em si, e não reduzidos a alguma outra coisa.  (EAGLETON, 2006, p. 04)

            Marisa Lajolo, no livro O que é Literatura? (1995), deixa claro um conceito ideal de literatura. Para ser considerada verdadeira, a literatura deveria passar pelo aval de alguns intelectuais, críticos, Universidades e acadêmicos. No entanto, a autora não esquece o papel da escola neste cenário: as instituições de ensino básico fazem o papel de avalistas e fiadoras do valor literário de livros em circulação.

            Em Dicionário de Termos Literários (2000), Massaud Moisés apresenta uma postura crítica quanto aos estudos de teoria literária: “Problema fulcral e permanente, situado na base de todas as controvérsias críticas e teóricas, o conceito de ‘Literatura’ tem sido amplamente examinado, sem conduzir a resultados definitivos.” (MOISES, 2000, p.310-311)

Um dos objetivos da SD é instigar o gosto do alunado pelos clássicos da nossa literatura e, com isso, aproximar o aluno do universo da leitura e da escrita. Para tanto, nossa proposta é a composição de um texto teatral baseado no conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga, conto extraído do livro Sagarana, de Guimarães Rosa. Fazer teatro na escola é um desafio, tanto para o professor quanto para o aluno. Contudo, acreditamos que esta atividade possa desenvolver a oralidade, a sociabilidade e a interação entre os alunos, por meio do trabalho com gêneros textuais.

            A escolha de Sagarana implica trabalhar a importância desta obra no cenário da literatura regionalista. Muitos escritores brasileiros se “apossaram” do mundo rural para construir suas tramas, atribuindo a seus personagens características deste ambiente.

Em Guimarães Rosa, a tendência regionalista acaba assumindo a característica de experiência estética universal, compreendendo a fusão entre o real e o mágico, de forma a radicalizar os processos mentais e verbais inerentes ao contexto fornecedor de matéria-prima. (ACHCAR & ANDRADE, s/d, p.115-116)

É importante que os alunos do 2º Médio incluam em seu repertório leituras consagradas no cenário literário, antes de ingressarem no 3º ano do Ensino Médio, marcado por vários compromissos com a leitura:

O grau de equilíbrio pessoal do aluno, sua autoimagem e autoestima, suas experiências anteriores de aprendizagem, sua capacidade de assumir riscos e esforços, de pedir, dar e receber ajuda, são alguns aspectos de tipo pessoal que desempenham um papel importante na disposição do aluno diante da aprendizagem (Coll et al., 2006, p.59).

            A leitura de contos regionais é uma forma de abordar as variantes linguísticas, de maneira a conhecer os neologismos do autor de Sagarana e analisar com os alunos a linguagem reinventada de Guimarães Rosa.

2.3 O gênero conto

            O gênero conto ganhou definições de diversos autores, inclusive daqueles que, além de leitores, também deram a sua contribuição para este gênero. Em Contos e Contistas, do livro Empalhador de Passarinho (2002), Mário de Andrade mostra a importância de tentar definir o gênero conto. A obra foi publicada pela primeira vez em 13 de setembro de 1938, época em que a definição de conto já era motivo de inquérito da “Revista Acadêmica”.  A publicação propôs fazer uma seleção dos dez melhores contos brasileiros. Para Mário de Andrade, o fato ocorreu justamente pela dimensão da polêmica em torno da definição do que era um conto, e a mídia queria mesmo era “botar mais fogo na canjica”. (ANDRADE, 2002, p. 9)
            O inquérito do fato despertou o interesse dos meios de comunicação: articulistas de diários e aerocronistas discutiam o assunto. E a definição de conto seguiu não esclarecida devido às várias diferentes manifestações de intelectuais da época. Para Mário de Andrade, o conto é um “inábil problema de estética literária. Em verdade, sempre será conto aquilo que o autor batizou de conto.”
            Massaud (1992), em Dicionário de Termos Literários, explica que o conto apresenta uma estrutura própria e é diferente das outras narrativas, como o apólogo, a crônica e o poema. Este gênero sofreu alterações no decorrer dos séculos e, com o passar o tempo, ampliou-se e passou a ser o embrião da novela ou do romance. Sob o prisma dramático, o conto é univalente, pois contém um só drama, um só conflito, e única unidade dramática, uma história, uma ação. Portanto, o conto é uma célula única.
No livro Contos Brasileiros II (2000), de Alaíde Gimenez, encontramos a seguinte definição desse gênero:
           
O conto continua cada vez mais short story, para usar a expressão de Forster, que se traduz na contensão, no espírito de linguagem, no abandono de ornamentos inúteis e, portanto, um problema de linguagem, também, de criação e estilo, dentro dos curtos limites da narrativa, cuja ambição é também suscitar a presença de gente real, viva, e a sensação inspirada diretamente pelas próprias coisas. O conto é um caleidoscópio e, como tal, deve comunicar uma impressão de vida ou então de simples emoção a ser instalada na alma do leitor, sempre apressado em chegar ao fim, como supõe a época da velocidade em que vive [...] (LINHARES, 1973, pp.6-7, apud Gimenez, 2000).


Segundo Propp (1978, apud GOTLIB, 2000, p. 22):

Podemos chamar conto maravilhoso, do ponto de vista morfológico, a qualquer desenrolar de ação que parte de uma malfeitoria ou de uma falta (...), e que passa por funções intermediárias para ir acabar em casamento (...) ou em outras funções utilizadas como desfecho”.

            No Caderno do Professor (SEE, 2010), o gênero conto, na sua fundamentação teórica, é estudado a partir da noção de contextualização. Já o Caderno do Professor do 2º Médio do quarto bimestre (2009, p.16) traz considerações a respeito do neologismo e do gênero conto. O neologismo consiste na criação de uma palavra a partir de outras já existentes, muitas vezes juntando um vocábulo inteiro a outro. A literatura do século XX está repleta de neologismos com intenções literárias, não somente em Guimarães Rosa, como também em Osvald de Andrade, Alcântara Machado e outros.

            Ao selecionar um conto para estudo em sala de aula, devemos levar em conta o seu tema, forma e de que modo esse material será trabalhado. O objeto do discurso, assumido como tema, recebe um acabamento em função de uma abordagem específica do problema, do material, do contexto comunicacional e do intuito do autor.
3 ANÁLISE COMENTADA  DA PROPOSTA DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

3.1 Informações gerais
           
            Nesta sequência didática o professor propõe uma série de objetivos, que podem ser enumerados a partir do primeiro módulo, chamado de aula 1. Nesta aula de Língua Portuguesa, que poderá ser dupla (o que normalmente ocorre), o que se pretende é resgatar o currículo oculto tanto do discente quanto do professor sobre o universo teatral. Nestas atividades em grupo haverá o desenvolvimento das habilidades de leitura e da arte de desenhar.

            A SD em análise foi elaborada para alunos do 2º ano do Ensino Médio, pois neste momento os alunos necessitam de um contato mais prazeroso com um clássico da literatura nacional. Além disso, a turma já esteve em contato com textos literários no 1º ano do Ensino Médio. Alguns alunos desta fase de aprendizagem desenvolvem habilidades e competências na arte do grafite, que é uma das sugestões de atividades. Podemos afirmar que o objetivo geral desta SD é a participação de todos, uma vez que no teatro há uma grande diversidade de funções. Mesmo que o aluno não queira representar no palco, ele ainda poderá escolher entre tantas atividades aquela na qual mais se adapte.

            Fazer teatro é trabalhar em grupo, causar reboliço, convocar a comunidade para assisti-los; é levá-los para fora da escola em possíveis apresentações, é expressão corporal, é provocar vocações, mesmo que remotas. Há sempre um grupo que se destaca entre os demais. E o que esperamos é que eles saiam desta SD como escritores de um pequeno texto (como é o conto), leitores e também jovens atores-sonhadores.

            No módulo 2, o professor apresenta como objetivos o desenvolvimento da leitura e da escrita, além de ampliar os conhecimentos do universo artístico. O trabalho em grupo ocorre em todos os módulos e neste em particular, os alunos terão contato com imagens e textos do universo teatral. No módulo 3, o professor apresenta o objeto principal de estudo desta SD, o livro Sagarana, contos de Guimarães Rosa. O livro foi dividido em nove textos, ou seja, nove contos que compõem a obra, com objetivos que vão desde o desenvolvimento da leitura, como o primeiro contato com o clássico da literatura brasileira. É neste momento que o aluno desenvolve habilidades de leitura e fica conhecendo os neologismos do autor e as suas invenções na linguagem. Conhecer os nove contos de Sagarana num bimestre é um desafio para o professor e uma curiosidade para o aluno da forma como apresentamos nesta Sequência Didática.

            No módulo 4, o objetivo é aprofundar os conhecimentos do aluno sobre o gênero conto, assim como a biografia do autor dos contos escolhidos. O professor levará o alunado para a sala de informática, onde fará o acompanhamento processual para perceber o grau de interesse de todos. Da mesma maneira, no módulo 5, os alunos farão a pesquisa teórica, também na sala de informática, buscando conhecer as especificidades do conto: características, funções, ações, número mínimo de personagens, a intriga ou a heroína e a ação do tempo que pode ocorrer num determinado espaço.

            No módulo 6, os alunos escreverão numa ação conjunta (sob a mediação do professor) o resumo do conto e irão conhecer mais detalhadamente sobre o enredo. Neste momento, o aluno tomará contato com um ato de solidariedade praticado pelo personagem, seguido por uma discussão em sala de aula.

            Nos módulos subseqüentes, o professor aplicará avaliações e, ao final da SD, espera que o alunado tenha competências e habilidades necessárias para produzir uma peça de teatro. Uma vez familiarizados com o texto e compreendidos todos os seus mecanismos do fazer teatral, espera-se também que os alunos possam apresentar a peça a sua comunidade de pais e professores.




3.1.1 Objetivos esperados

Pensando na promoção de práticas de leitura e escrita em sala de aula, elaboramos uma sequência didática com o objetivo de instigar o gosto do alunado pela leitura de clássicos da nossa literatura. Para tanto, os alunos, no final da SD serão capazes de escrever uma peça de teatro baseada no conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga, do escritor brasileiro Guimarães Rosa. Com estratégias de leitura, pós-leitura, análise e produção textual, nosso objetivo é levar à compreensão do alunado as características do gênero conto. Com o apoio de mecanismos do meio teatral, procuramos desenvolver também habilidades de oralidade, leitura e escrita como também o trabalho em equipe, a colaboração e a sociabilidade entre os alunos.

Acreditamos que o teatro é um instrumento adequado de apoio para desenvolver habilidades de leitura e escrita próprios da disciplina Língua Portuguesa, uma vez que difere das demais em relação ao grau de interesse e capacidade de mobilização que desperta nos alunos.

3.1.2 Características da turma

            Nosso público-alvo para a aplicação desta sequência didática são os alunos do 2º ano do Ensino Médio, devido à necessidade, neste momento de sua vida escolar, de acelerar o seu gosto pela leitura. Após serem introduzidos ao universo da literatura e às escolas literárias no primeiro ano, os alunos do 2º ano do Ensino Médio chegam a um momento em que precisam aprofundar estes conteúdos, com a leitura e análise crítica de textos literários conceituados pelos meios acadêmicos.

3.2 A organização da SD
           
            Entendemos que a esfera literária e o gênero conto são adequados para os alunos do 2º ano do Ensino Médio porque segundo Dolz et al (acesso 2011/REDEFOR), “uma SD é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”. Segundo estes autores, a estrutura de base de uma SD abrange uma produção inicial e uma produção final tal qual apresentamos neste TCC de Especialização de Língua Portuguesa. O nosso projeto coletivo teve como embasamento o texto dos autores DOLZ et al (acesso 2011, p.96-106).

            A escolha da esfera literária propõe a leitura de contos com o objetivo de contemplar as tipologias narrar, argumentar e relatar. A Sequência Didática Adaptação do Conto para o Teatro é composta por um conjunto de atividades que deverão ser trabalhadas em sala de aula e fora dela durante esse período de aprendizagem da leitura e da escrita.

            Em um primeiro momento, os alunos irão compartilhar com seus colegas os conhecimentos que possuem sobre o teatro, com o objetivo de resgatar o currículo internalizado no discente sobre o gênero. As aulas seguintes seguirão com aulas expositivas sobre o universo teatral e suas características.

            No segundo momento da sequência didática, o gênero conto passa a ser trabalhado em sala de aula, através de aulas expositivas sobre a teoria, história e contextualização do conto. Neste momento, o aluno entra em contato com o universo roseano, através de pesquisas e análises de texto, no qual o aluno busca identificar características do gênero conto na obra de Guimarães Rosa, bem como especificidades do autor neste gênero.

            No terceiro e último momento desta sequência, uma vez assimilados os conceitos e características de conto, os alunos fazem a adaptação do conto de Guimarães Rosa para o teatro, atividade que visa incentivar o gosto dos alunos pela leitura das obras deste autor.

3.3 As atividades propostas em cada unidade de trabalho

A sequência didática é composta por dez aulas, conforme esquema resumido a seguir:

AULA 1. A Troca
            A primeira atividade da sequência didática visa resgatar o currículo internalizado do discente sobre o universo teatral. Para tanto, o docente incentiva os alunos a compartilharem experiências particulares que já tenham tido com o teatro. Neste sentido, os alunos também devem fazer uma representação livre, escrita ou por meio de desenhos, de seus conhecimentos sobre o teatro. Além de acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos, o professor deve participar ativamente da atividade, fazendo ele mesmo a sua representação do tema.

AULA 2. História do Teatro
            Com objetivo de desenvolver a leitura e a escrita entre os alunos, bem como ampliar os seus conhecimentos sobre o universo teatral e artístico, esta aula é divida em duas partes: na primeira, o professor faz uma breve exposição sobre a história do teatro e as características de uma peça teatral. Na segunda, os alunos têm seu primeiro contato com o texto de teatro: eles irão trabalhar em duplas ou trios para a leitura de trechos de peças teatrais famosas. A leitura para os colegas visa desenvolver habilidades de oralidade e sociabilidade. Ao final da aula, o aluno é livre para participar de uma atividade que envolve a preparação de uma pequena cena para ser apresentada aos colegas.

AULA 3. O Conto como objeto de estudo
Na terceira aula da sequência didática, os alunos têm seu primeiro contato com o gênero conto. Os alunos são divididos em nove grupos e cada um deles recebe um conto do livro Sagarana, de Guimarães Rosa. O grupo deverá fazer a leitura do conto e discutir o texto com os colegas. Neste momento, o grupo faz um reconhecimento das características do conto, procurando diferenças com relação aos textos vistos na aula anterior. Durante todo o processo, o professor acompanha o desenvolvimento de aquisição de competências e habilidades dos alunos.

AULA 4. Contextualização do conto
A quarta etapa visa à contextualização do conto em estudo. A proposta inclui uma pesquisa na internet sobre o autor, buscando por imagens, vídeos, peças de teatro baseadas no conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga. Este conto foi sorteado na aula anterior e foi escolhido para ser adaptado pelos alunos para um texto de teatro. Já em sala de aula, os alunos farão uma atividade na qual devem ser capazes de reconhecer a fala regional dos personagens no contexto do conto.

AULA 5. Teoria e História do conto
A quinta aula é utilizada para aprofundar os conhecimentos do aluno sobre o gênero conto através de uma aula expositiva na qual os alunos tomam nota das principais características do gênero conto. Esta aula é uma preparação para uma avaliação que ocorrerá posteriormente, na qual os alunos devem ser capazes de identificar estas características no texto de Guimarães Rosa.

AULA 6. Análise do texto A Hora e a Vez de Augusto Matraga
Nesta aula, é avaliada a capacidade dos alunos de reconhecer as características do gênero conto por meio de uma análise de texto. Com o objetivo de desenvolver a escrita, os alunos também deverão produzir um resumo de um trecho do conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga, que foi divido em nove partes para esta atividade em grupo.

AULA 7.  A Composição do Resumo
A partir da atividade realizada na aula anterior, esta aula propõe a produção coletiva, sob a orientação do professor, de um resumo do conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga. Cada grupo deverá fazer a leitura em voz alta do trecho da obra que ficou responsável de elaborar o resumo, para que o professor possa compor este texto coletivo. O resumo final deve ser copiado por todos os alunos.

AULA 8. Pré-Avaliação
A pré-avaliação visa aferir os conhecimentos adquiridos pelos alunos tanto sobre o gênero conto quanto sobre a obra de Guimarães Rosa. Esta aula visa à análise de um trecho do texto em estudo pelos alunos. O professor fará comentários da avaliação, que será objeto de reflexão da classe.

AULA 9. Avaliação.
Nesta aula o objetivo é fazer um diagnóstico sobre o entendimento dos alunos sobre o conteúdo apresentado nas últimas aulas. A avaliação traz questões referentes ao gênero conto, o entendimento do aluno do conto em estudo, da linguagem e ao estilo do autor de Sagarana.

AULA 10. Adaptação do conto para a peça de teatro
Por fim, a última aula é dedicada à adaptação do conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga para um texto teatral. Nessa aula, o professor se dedica a retomar alguns assuntos comentados ao longo de toda a sequência didática e orientar aos alunos quanto aos cuidados que eles devem tomar na adaptação do conto para um texto teatral. De modo a facilitar a organização dos trabalhos, esta atividade deverá ser realizada em casa, em grupo, para a correção e uma pequena apresentação na aula seguinte.





















4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Nosso trabalho buscou apresentar soluções para promover o engajamento de alunos do Ensino Médio no exercício da leitura e da escrita. Tendo em vista a necessidade do professor de incentivar os alunos à prática da leitura, organizamos uma SD com o objetivo de estimular o aluno à leitura de clássicos de nossa literatura. Dessa maneira, buscamos contribuir para a formação de leitores/cidadãos, dotados de espírito crítico e engajados para a sociedade brasileira.

            Este trabalho procura atender as tendências mais recentes no ensino da Língua Portuguesa e segue as orientações dos Parâmetros Curriculares Nacionais e dos Cadernos do Professor da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. Ambos propõem um currículo voltado para o estudo dos gêneros textuais no ensino da língua materna, tanto oral quanto escrita.

            Para tanto, escolhemos o gênero conto, cujas características específicas facilitam o seu emprego em atividades didáticas em sala de aula, com apoio de elementos do universo teatral. Dessa maneira, é possível aos alunos adquirir conhecimentos sobre os gêneros textuais e, ao mesmo tempo, desenvolver outras habilidades, como a oralidade, a sociabilidade e o trabalho coletivo.

            A relação entre o conto e o teatro é feita a partir da adaptação do conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Guimarães Rosa, para o teatro. Os contos de Guimarães Rosa levam a marca de seu criador e contém elementos que o aproximam da novela, o que facilita a adaptação para o teatro.

            Nossa SD é apenas uma proposta de como fazer teatro na escola, trazendo grandes benefícios para os alunos. Ela apresenta uma sugestão de trabalho que, a partir do teatro, seja possível o estudo de um autor consagrado, porém de difícil compreensão pelos alunos de Ensino Médio. 
Josefa Reis Santos Cristo ou Gelza Reis Cristo



            REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACHCAR, Francisco; ANDRADE, Fernando Teixeira de. OBJETIVO – OS LIVROS DA FUVEST/UNICAMP – II. São Paulo: CERED – Centro de Recursos Educacionais. (Não é datado)

ANDRADE, Mário de. O Empalhador de Passarinho. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2002.

ARAÚJO, Alcione; FREIRE, Aderbal Filho; VIANNA, Guida; DIAS, José; BOTKAY, BOTKAY, Caíque; MADEIRA, Ney; ARAÚJO, Carolina Melo Bonfim de. Narrativa Dramática. Rio de Janeiro: ARGUS, 1ª edição, 2006.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da Criação Verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

CARETA, Álvaro Antônio. Estudos Linguísticos. São Paulo, 37 (3): 17-24, set-dez. 2008

DOLZ, Joaquim; NOVERRAZ, Michele; SCHNEUWLY, Bernard. Seqüências Didáticas para o Oral e a Escrita: Apresentação de um Procedimento. Disponível em: http://ggte.unicamp.br/redefor3/cursos/aplic/index.php?&cod_curso=238. Acesso em 3 de agosto de 2011.

DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard. Gêneros e Progressão oral e escrita – Elementos para reflexões sobre uma experiência Suíça (francófona). In: __ e col. Gêneros Orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004.

DUCLÓS, Miguel. O conto: dificuldade de definição do gênero e abordagem de alguns teóricos. Disponível em: http://wwwconsciencia.org/sobre_conto.shtml. Acesso em: 3 de agosto de 2011.

EAGLETON, Terry. Teoria da Literatura: uma introdução. Tradução de Waltensir Dutra. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

GIMENEZ, Alaíde. Contos Brasileiros II. São Paulo: Editora Scipione,2003.

HARGREAVES, Andy. O Ensino na Sociedade do Conhecimento – Educação na era da Insegurança. Tradução de Roberto Catalgo Costa. Consultoria supervisão e revisão técnica de Luciana Vellinho Corso. Porto Alegre: Artmed, Reimpressão 2008.

LAJOLO, Marisa. O Que é Literatura?. 17ª edição, São Paulo: Editora Brasiliense, 1995.

LERNER, Delia. Ler e escrever na escola – o real, o possível e o necessário. Tradução Ernani Rosa. Porto Alegre: Artemed, 2002.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, Análise de Gêneros e Compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.
MOISÉS, Massaud. Dicionário de Termos Literários. São Paulo: Editora Cultrix, 2000.

ROJO, Roxane. Revisitando a Produção de Texto na Escola. In G. & M. G. Costa Val (orgs) (2003) Reflexões sobre práticas de produção de texto – o sujeito-autor, BH: CEALE/Autlentica, pp.185-205.

ROSA, João Guimarães. Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do Professor: literatura volume 1. Linguagens, Códigos e Suas Tecnologias. SEE, 2010.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Prática Pedagógica: língua portuguesa 2º grau. São Paulo, 1993.

SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas. Caderno do Professor: literatura, volume 2, linguagens, códigos e suas tecnologias, língua portuguesa 2º grau. São Paulo, 2010.

SILVA, Alisson Luiz da. A liberdade dos desvios na escrita. Disponível em: http://www.webartigos.com/articles/25842/os-neologismos-em-sagarana-de-guimaraes-rosa/pagina.html#ixzz1s10olmrg. Acesso em 3 de agosto de 2011.























ANEXO
SEQUÊNCIA DIDÁTICA: Adaptação do Conto para o Teatro

AULA 1. A Troca
Objetivos: resgatar o currículo internalizado do discente como também do professor sobre o universo teatral; desenvolver habilidades de escrita e outras (desenhar).
Recursos: folha A4 e lápis HB
Aplicação: O professor apresenta a proposta inicial: os alunos farão uma representação livre, escrita ou por meio de desenhos, dos seus conhecimentos sobre o teatro. Também deverão compartilhar com os colegas se já assistiram a uma peça de teatro e relatar como foi esta experiência.
            O professor também deverá participar da atividade, fazendo a representação da sua experiência de entretenimento relacionada ao tema. Para concluir a aula, o professor recolherá a atividade e falará brevemente sobre as origens do teatro e suas características, convidando os alunos a dar a sua opinião sobre o tema. O professor recolherá o material que foi produzido para uma avaliação comentada que será entregue aos alunos na aula seguinte.
Avaliação: processual, acompanhando a interação do grupo.


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Figura 1 – símbolo do teatro

AULA 2. História do Teatro
Objetivos: espera-se que os alunos possam desenvolver a leitura e a escrita, bem como ampliar o conhecimento sobre o universo teatral e artístico.
Recursos: trechos do livro Narrativa Dramática – uma proposta de leitura (ARAÚJO, et al., 2006); reprodução de trechos de textos da História do teatro e fotos de peça famosas.
Aplicação: O professor iniciará a aula lendo um trecho do livro Narrativa Dramática sobre o teatro para, em seguida, escrever na lousa um texto expositivo sobre a história do teatro:
Ontem, hoje e sempre, aqui e em qualquer lugar, pode-se fazer teatro – já se fez, se faz e se fará! – eventualmente sem palco, sem iluminação, sem figurino, sem música, sem maquiagem. Mas é impossível fazer teatro sem o homem, que é, ao mesmo tempo, a matéria-prima, o meio e o destino da criação teatral. (ARAÚJO et AL, 2006, p. 17)

            Em seguida, a turma se dividirá em duplas ou trios, os quais deverão ler os trechos de textos teatrais em voz alta com a atenção dos colegas. No final da aula, todos levarão os textos para casa com o objetivo de planejar e preparar uma cena dramática ou humorística para apresentar na próxima aula. O aluno trocará informações com o professor durante o planejamento da pequena apresentação teatral. O discente é livre para participar ou não desta atividade.
Avaliação: processual, acompanhando o desenvolvimento do aluno numa situação em grupo.



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Figura 2 – A Comédia Caipira na ETI



AULA 3. O Conto como objeto de estudo
Objetivos: apresentar o universo roseano para a turma; desenvolver habilidades de leitura e reconhecimento do texto.
Recurso: reprodução dos nove contos de Sagarana, de Guimarães Rosa.
Aplicação: O professor organizará a turma em nove grupos e cada um irá fazer a leitura em voz baixa de um dos contos para então comentar o texto com os colegas do grupo. Este é o momento para um reconhecimento superficial do conto.
            Enquanto os alunos leem e discutem sobre o texto, o professor organiza um sorteio com o nome dos contos ora em estudo. O texto sorteado será o objeto de análise das próximas atividades.
            Como lição de casa, o professor indicará a continuidade da leitura dos contos e os grupos deverão se reunir na casa de um dos membros ou na sala de leitura (extraclasse) para concluir o entendimento do texto. È importante lembrar que, tendo em vista a quantidade de contos, cada grupo será formado por no máximo quatro alunos.
Avaliação: processual, acompanhando o desenvolvimento na aquisição das
competências e habilidades.

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Figura 3 – 2° FEST – Teatro Municipal de Santos


AULA 4. Contextualização do conto
Objetivos: aprofundar conhecimentos internalizados; compreensão do estilo, linguagem e obra de Guimarães Rosa
Recurso: internet
Aplicação: na sala de informática, os alunos irão pesquisar sobre a biografia de Guimarães Rosa, buscar imagens do autor, vídeos e peças de teatro baseadas no conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” (conto sorteado). Em sala de aula, os alunos irão buscar informações sobre o regionalismo do autor e a linguagem que ele utiliza. Os alunos deverão estudar as características da linguagem do autor. Ao final, o professor aplica uma atividade na qual os alunos devem fazer o reconhecimento da fala regional dos personagens no contexto.
Avaliação: processual, acompanhando o interesse do aluno pelo tema ao navegar no hipertexto.

AULA 5. Teoria e História do conto
Objetivos: aprofundar conhecimentos sobre o gênero conto
Recursos: material preparado pelo professor, giz lousa, caderno do aluno, lápis ou caneta.
Aplicação: o professor escreverá na lousa um texto expositivo sobre o conto e suas especificidades, enquanto o aluno toma nota do conteúdo.
Na aula seguinte, o professor aplica uma avaliação para os alunos, em que são cobrados conhecimentos sobre as características do gênero conto.
Avaliação: prova.
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Figura 5 – O Teatro na E. E. Profº José Nigro

AULA 6. Análise do texto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”
Objetivos: reconhecer as características do gênero conto por meio de uma análise de texto; produzir um resumo do conto escolhido para a adaptação da peça teatral.
Recursos: reprodução do conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” dividido em nove partes, papel, lápis ou caneta.
Aplicação: cada grupo receberá uma parte do texto com o propósito de retirar dele aspectos relacionados ao gênero conto e ao enredo. O grupo deverá elaborar também um resumo daquele trecho do texto.
O professor recolhe as atividades para avaliação; ele também explica à classe como eles irão trabalhar na adaptação do conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga” para o teatro.
Avaliação: processual, acompanhando o desenvolvimento da escrita.
           
AULA 7.  A Composição do Resumo
Objetivo: produzir em grupo um resumo original do conto em estudo a partir dos comentários escritos na aula anterior.
Recursos: lousa, giz, caderno do aluno.
Aplicação: o professor propõe a escrita do resumo, em sequência, do trecho do conto, produzido por cada grupo na aula anterior. A leitura é feita em voz alta para que o professor, com a ajuda dos alunos, possa compor o texto coletivo. Ao término, todos os alunos devem copiar o resumo final:

Resumo: A Hora e a Vez de Augusto Matraga
Guimarães Rosa
            Augusto Esteves, filho do coronel Augusto Esteves, vivia no lugarejo das Pindaíbas e do Saco-da Embira. Havia naquela noite uma novena na sua comunidade, no arraial da Virgem Nossa Senhora das Dores do Córrego de Murici. Todos no pequeno lugarejo o conheciam por Nhô Augusto, filho do coronel.

            Quando a procissão acabou, o leilão terminou rapidamente porque aquela gente séria queria ir para casa. E a festa do leilão terminou sem graça. No entanto, o leiloeiro continuou na barraca e a multidão encachaçada não arredou o pé do local a espera de algum movimento inesperado. No local havia duas mulheres à-toa, uma negra e outra branca.
            Mas o narrador que vê tudo e a todos, conhece bem a comunidade, pois faz descrição minuciosa dos seus personagens, afirma que havia um capiau que estava gostando da moça que o autor descreve como preta. Ocorre que a multidão começa a gritar, e chamam a moça de Siriema por ter pernas finas e alongadas e a põe a leilão. Foi então que a melhor oferta foi a de Nhô Augusto que arrematou a vítima que passou a pertencer a ele indo embora com o estranho que não era o seu namorado sob o aval da multidão.
            Dionóra fugiu com Ovídeo depois que soube do ocorrido no leilão em que o seu marido comprou a Sariema (a moça preta). Nhô Augusto foi severamente castigado pelos capangas do Major Consilga por não pagar as dívidas. Apanhou pra morrer e levou ferradura na polpa da glute ia direita indo parar num barranco e dado por morto. Foi salvo por um preto que morava na boca do brejo e permaneceu ali por muitos meses a beira da morte. Houve um momento de arrependimento de todos os seus pecados quando pediu a benção do padre com a promessa de regeneração e penitência.

Nhô Augusto foi morar em povoado do Tombador onde tinha um pedaço de terra e uma casinha para morar. Sem desejar alegrias só trabalhava, ajudava os vizinhos e vivia momentos de introspecção. A solidão tomava conta dos seus pensamentos e lembrava sempre dos conselhos do padre. Observava a natureza, dormia e acordava cheio de remorsos e voltou a fumar, sentir falta de mulher. Foi então, que nesse momento surgiu o grupo de cangaceiros e ele deu comida e morada dias marcando com ferro a sua sorte.

O tempo passou e Nhô Augusto saiu sem destino para onde o jumento que o levava decidia o seu rumo. E para o seu infortúnio encontrou novamente o mesmo grupo de cangaceiros e morreu nas mãos do chefe para defender gente estranha e inocente. Assim, Augusto Matraga tornou-se herói após morrer para salvar algum inocente das mãos de criminosos, andarilhos e cangaceiros.
Avaliação: processual, acompanhando o desenvolvimento da escrita.

AULA 8. Pré-Avaliação
Objetivo: pré-avaliação dos conhecimentos dos alunos sobre o conto “A Hora e a Vez de Augusto Matraga”.
Recursos: Caderno do Professor LITERATURA (SEE, 2010, p. 32); o conto em estudo, lousa, giz, caderno, lápis ou caneta, avaliação.
Aplicação: o professor escreve na lousa a didática do caderno do professor - Ensino Médio (volume 2) - e pede ao aluno para copiarem no caderno:
No texto dramático, as personagens dispensam a mediação do narrador, a história não é contada ao leitor e ao espectador, mas sim mostrada como se fosse realidade. Portanto, para a construção de um diálogo coerente, a adequação da linguagem torna-se essencial. (SEE, 2010,p. 32)

O professor aplica a seguinte avaliação aos alunos:
1. Analise o trecho abaixo, extraído do conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga. Qual o sentimento do homem preto e sua mulher ao salvar a vida do personagem?
“[...] o preto, que morava na boca do brejo, quando calculou que os outros já teriam ido embora, saiu do seu esconso, entre as taboas, e subiu aos degraus de mato do pé do barranco. Chegou-se. Encontrou vida funda no corpo tão maltratado do homem branco; chamou a preta, mulher do preto velho que morava na boca do brejo, e juntos carregaram Nhô Augusto para o casebre dos dois, [...] (ROSA, 2001, p. 376)
Avaliação: pré-avaliação comentada.


AULA 9. Avaliação.
Objetivo: diagnóstico sobre o entendimento do conto em estudo.
Recursos: lousa, giz, folha avulsa, lápis ou caneta, avaliação, o conto em estudo.
Aplicação: o professor escreve as questões na lousa e autoriza o aluno a responder as questões consultando o texto.
Com fundamentação no ROTEIRO DE LEITURA 1 ELES NÃO USAM BLACK-TIE, de Gianfrancesco Guarnieri, o professor organizará questões para uma prova avaliativa (SEE, 2010, p. 29). Algumas questões serão formuladas a partir do resumo do conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga.

Questões:
1. Transforme a linguagem regional do conto em estudo para a forma coloquial citadina. Como seriam essas falas? Dê exemplos usando o texto.

2. Que efeito seria produzido se essas falas estivessem na norma-padrão da língua? (SEE, 2010, p.32)

3. Qual o risco de uma incitação pública contra uma pessoa indefesa como a personagem Sariema?

4. Na sua opinião, qual foi o grande “pecado” cometido por Nhô Augusto?

5. Por que Nhô Augusto pode ser considerado um herói apesar de ter cometido muitos erros na sua vida?
Avaliação: prova.

AULA 10. Adaptação do conto para a peça de teatro
Objetivo: Adaptar o conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga para um texto teatral
Recursos: caderno, lápis ou caneta
Aplicabilidade: o professor (o) passa a tarefa da adaptação da peça para os alunos fazerem em casa com correção na aula seguinte.
Avaliação: processual, acompanhando o desenvolvimento da escrita.


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