MORRE OSVALDO NÉVOLA FILHO, A LUZ QUE ILUMINAVA A
CULTURA DE SÃO VICENTE
Transcrição: Jornal Vicentino
Falecimento em 15 de setembro de 2003
OSVALDO NÉVOLA FILHO
O
último trabalho do Professor Osvaldo, poeta e estrela da mais bela grandeza,
pode ser visto no Instituto Histórico e Geográfico de São Vicente (Casa do
Barão), onde uniu sua poesia com fotos de Gilberto Grecco
A
Educação de São Vicente está mais pobre. A cultura vicentina perdeu seu maior
expoente, sua estrela mais brilhante que agora ilumina o céu com suas poesias,
arte e cultura sólida, que passeava com muita desenvoltura em todos os campos,
da literatura ao cinema, do teatro à música e ás artes plásticas, ou seja,
passava e encantava a todos com uma sabedoria e conhecimento por todas as manifestações
culturais desta Nação miscigenada, por isso mesmo tão rica racial e
culturalmente, chamada Brasil.
São
Vicente, São Paulo, Brasil e o mundo perdeu o educador e poeta Osvaldo Névola
Filho, que faleceu na segunda-feira, 15/09.
SV
– Se a arte e a poesia delicada e sensível de Osvaldo Névola Filho não teve o
reconhecimento que merecia em
São Vicente e Baixada Santista, a quem dedicou toda uma vida
à cultura e ensinando, educando, informando e formando cidadãos, o trabalho de
Osvaldo Névola Filho é imortal. As poesias e produções de Osvaldo Névola Filho
são conhecidas e premiadas em todo o Brasil e em várias partes do mundo. É uma
obra que fica para sempre e que, na certa, irá encantar e ainda merecer o
respeito e o reconhecimento das futuras gerações.
POETA
– Sem ter tido em vida as homenagens e o apoio que lhe era de direito em São Vicente, Osvaldo
Névola Filho, que nunca escondeu sua mágoa com a falta de consideração do poder
público local, dedicou seu tempo e amor à arte para a Casa do Poeta E Casa da
Cultura, que eram suas maiores paixões.
JV
– No JV, Osvaldo Névola Filho durante muito tempo manteve uma coluna em que
falava de arte, de cultura e divulgava todas as manifestações artísticas e
culturais da cidade, da região, de São Paulo, Brasil e do mundo. Para o
professor Osvaldo, arte e cultura não tinham fronteiras ou barreiras e nem
preconceitos.
CONSAGRADO
Poeta
consagrado e festejado pelos meios culturais de todo o Brasil e com prêmios
internacionais, Osvaldo Névola, que possuía a cultura erudita misturada com a
popular, no ano 200, quando o Brasil completou 500 anos do descobrimento,
compôs com seu sobrinho, Luiz Cláudio, um dos mais belos sambas enredos que se
tem notícia para o Carnaval do Rio de Janeiro. O samba do professor Osvaldo e
Luiz Cláudio venceu as eliminatórias feitas em São Vicente e chegou
quase a final da escolha do samba enredo da Escola de Samba Beija Flor de
Nilópolis, Rio. Acabou injustamente desclassificada, mas até hoje ninguém
esquece dos belos versos do professor Osvaldo colocados num samba enredo que
mereceu elogios até de Leci Brandão, uma das maiores conhecedoras do carnaval
carioca.
EDUCADOR
– Como educador, professor Osvaldo dedicou quase toda vida a Rede Municipal de
Ensino de São Vicente, tendo se aposentado da Prefeitura há pouco tempo.
Diretor da Escola Municipal Raquel de Castro Ferreira, uma das mais
tradicionais de São Vicente, Osvaldo Névola Filho revolucionou a arte de
educar, de passar conhecimento, recebendo apoio e reconhecimento de
professores, estudantes e pais. Para Osvaldo Névola Filho escola não era só
para ensinar, mas também para formar cidadãos.
DEDICAÇÃO
– A dedicação de Osvaldo Névola Filho na Direção da Escola Municipal Raquel de
Castro Ferreira era tanta, que em fins de semana lá estava ele, com um martelo,
uma pá de cimento ou um rolo de tinta pintando e realizando reparos e outras
obras com as próprias mãos. A escola era uma extensão de sua casa, os alunos
uma extensão da sua própria família.
ESTADUAL
– A fama de educador de Osvaldo Névola Filho rompeu fronteiras das escolas
municipais e seu nome acabou denominando uma biblioteca na EE Ênio Vilas Boas,
no jardim Pompeba, em São
Vicente, fato que trouxe muito orgulho ao professor em seus
últimos meses de vida.
SIMPATIA
– Com sua simpatia, educação ímpar e jeito carinhoso de se dirigir e tratar as
pessoas, Osvaldo Névola Filho sempre conquistou amigos. Quando chegava à sede
do JV para entregar sua coluna sobre cultura, o professor Osvaldo iluminava o
ambiente com sua sabedoria e jeito humilde de ser. Tratava a todos de forma
igual, com respeito e consideração, sem jamais ter levantado na vida seu tom de
voz aveludado que soava como música para os ouvidos que o escutavam.
JAPÃO
– Tendo viajado por vários países do mundo, Osvaldo Névola Filho tinha um amor
todo especial pelo Japão, pela cultura milenar e culinária da Terra do Sol
Nascente, que conheceu quando participou do convênio de Cidades Irmãs de São
Vicente com Naha, situada na ilha de Okinawa. Na verdade o amor de Osvaldo
Névola Filho e sua grande paixão foi a cultura, com quem se casou por toda a
vida e jamais a abandonou desde quando deu os primeiros passos no mundo mágico
da arte participando do TEMA-Teatro Estadual Martim Afonso -, grupo teatral que
surgiu na mais tradicional escola de São Vicente, o Martim Afonso, ainda no
tempo de estudante.
VAZIO
– A morte de Osvaldo Névola Filho irá deixar um vazio imenso no coração de seus
amigos, familiares, companheiros do mundo artísticos e, sobretudo na cultura
vicentina e da Baixada Santista, que perde o renomado poeta da geração mais
recente. A esperança é que seu exemplo, seja seguido, que a semente que plantou
dê belos frutos, posto que Osvaldo Névola Filho é imortal e sua obra ficará
para sempre para que gerações e gerações possam se deliciar com a sensibilidade
e a maneira como o professor transformava cada palavra, cada verso, numa obra
prima de arte que mexe com o imaginário e com a emoção que muitas vezes vive
adormecida no coração das pessoas.
ADEUS
– Nesse momento de dor e perda, cuja ferida se transformará numa doce saudade,
mas jamais irá ser cicatrizada, toda a família JV que leve o privilégio de
conviver com o professor Osvaldo Névola Filho: seu diretor-presidente Ricardo Rocha (Rochinha) e esposa Neide; e o
vereador Roberto Rocha, enviam as mais sinceras condolências à família do
professor e poeta que por ser imortal, não morreu, apenas para um estágio
superior nesse universo, pois era um espírito iluminado e muito superior.
Adeus, professor Osvaldo Névola
Filho, que a essa altura deve estar, com certeza, fazendo poesia para os anjos
no céu . Descanse em paz ‘poetinha’, pois como você gostava de citar Guimarães
Rosa, é bom lembrar o que o escritor mineiro disse na boca de um dos seus
famosos personagens que:
__
pessoas boas não morrem, elas ficam encantadas. [...]
Agradecimento
de Gelza Reis Cristo
Obrigada
pelo carinho, pela herança cultural, por ter elevado o meu trabalho poético
nesse jornal tão popular que fez essa homenagem merecida ao professor poeta e
Diretor da EE Municipal Raquel de Castro Ferreira. Perdemos um companheiro das
noites poéticas e dos eventos culturais de São Vicente e região. Descanse em
paz!
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