A Cozinheira Nômade
Neste espaço virtual você encontrará tudo sobre a Arte, Ensino, culinária inédita, curiosidades, literatura Brasileira e mundial; bem como variedades em pesquisas
quarta-feira, 29 de janeiro de 2020
segunda-feira, 23 de outubro de 2017
Cruz e Sousa - O Cavador do Infinito Análise literária
Com a
lâmpada do sonho desce aflito
E sobe aos
mundos mais imponderáveis,
Vai abafando
as queixas implacáveis,
Da alma o
profundo e soluçado grito.
Ânsias,
Desejos, tudo a fogo escrito
Sente em redor,
nos astros inefáveis.
Cava nas
fundas eras insondáveis
O cavador do
trágico infinito.
E quanto
mais pelo infinito cava
Mais o
Infinito se transforma em lava
E o cavador
se perde nas distâncias...
Alto levanta
a lâmpada do Sonho
E com seu
vulto pálido e tristonho
Cava o
abismo das eternas ânsias!
(Poesias completas de
Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 109.).
Falar e honrar a importância de Cruz e Sousa no Simbolismo
brasileiro é uma obrigação de todo estudioso e pesquisador brasileiro. Nesse
texto a autora Gelza Reis Cristo vai além dos estudos; ela como poeta também
enxerga pela introspecção do eu lírico como um todo. E principalmente do
contexto da vida e obra desse poeta maior do século XIX na sua segunda metade
década de 80.
Cruz e Sousa, filho de escravos, nasceu em Florianópolis,
Santa Catarina. E foi protegido por uma família de aristocratas que o ajudou na
sua formação. Depois da morte de seu protetor ele seguiu a sua liberdade para
trilhar único na sua visão de mundo. E cavar o seu profundo Infinito poético.
Trabalhou na imprensa, escreveu crônicas, foi abolicionista ativo e
discriminado pela sua Terra. O preconceito racial é imortal assim como a sua
poesia de pontos impecáveis para reflexão de uma sociedade racista de difícil
compreensão aos olhos de poeta.
Cruz e Sousa é a estrela Maior do Simbolismo brasileiro. A
sua poesia rica em diversidade e riqueza por seus aspectos ora noturno, com uma
veia do Romantismo no seu culto ao noturno, ao satanismo que povoa dor e morte,
típico da época onde o artista morria muito jovem por diversas causas. E uma
delas era a tuberculose. Ora era uma formalidade Parnasiana, um esmero em
lapidar e dar um sentido maior as palavras com a sua inicial maiúscula: elas
precisam (imortais) ser vistas com um olhar gigante e sentido amplo. Cada
palavra compõe um contexto de sonhos e desejos do poeta Simbolista.
A tristeza por desejos não realizados, bem como a realidade
do contexto social ante a vontade de ver o que não lhe agradava ser banido do
mundo ao qual o rodeava. O poeta fugia da realidade desligando-se da matéria
para unir-se cada vez mais ao espiritualismo transcendente. Havia um drama
dentro de si, um inconformismo da dor de ser negro e carregar no peito a marca
da sua geração de escravos. Os seus temas revelam a essência de sua poesia: O
Mistério; O Sagrado; A Morte; O além da espiritualidade e o seu mundo Cósmico.
A Análise: Catador do Infinito
O eu lírico do poema “Cavador do infinito”, cujo título já
revela uma metáfora, um termo subtendido e nele vive a sua existência
introspectiva. Ele não se sente capaz de avaliar o poço infinito da sua
inquietação. Carrega na alma um soluçado grito. O poeta usa os verbos “descer e
subir”, para apresentar sonhos e conflitos, além de nos apresentar essa
antítese por meio dos verbos citados. A “Lâmpada do Sonho” é o ícone dessa
inspiração poética.
O eu lírico busca e soterra a dor do seu corpo que entristece
profundamente a sua alma. Não há mais cura; somente o universo das suas
palavras. A eternidade do seu sofrimento buscava uma resposta que levou a sua
existência ainda jovem, extremamente jovem.
O eu lírico buscou por respostas para a sua angustia de viver
num mundo de luta vã e sonhos não realizados. O eu lírico não cavava o universo
externo, mas o que de mais havia dentro do seu eu interior, pois rejeitava o
mundo material e abraçava a sua própria dor. Apesar da libertação dos escravos
o poeta sentia a rejeição social por ser um negro e também por ser rejeitado
por uma mulher branca. Mesmo que viva um período literário o eu lírico conhece
os sentimentos e a influência de cada palavra.
sábado, 21 de outubro de 2017
Cruz e
Sousa: O cavador do Infinito – Análise literária
Com a lâmpada
do sonho desce aflito
E sobe aos
mundos mais imponderáveis,
Vai abafando
as queixas implacáveis,
Da alma o
profundo e soluçado grito.
Ânsias,
Desejos, tudo a fogo escrito
Sente em
redor, nos astros inefáveis.
Cava nas
fundas eras insondáveis
O cavador do
trágico infinito.
E quanto
mais pelo infinito cava
Mais o
Infinito se transforma em lava
E o cavador
se perde nas distâncias...
Alto levanta
a lâmpada do Sonho
E com seu
vulto pálido e tristonho
Cava o
abismo das eternas ânsias!
(Poesias completas de
Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 109.).
Falar e honrar a importância de Cruz e Sousa no Simbolismo
brasileiro é uma obrigação de todo estudioso e pesquisador brasileiro. Nesse texto
a autora Gelza Reis Cristo vai além dos estudos; ela como poeta também enxerga
pela introspecção do eu lírico como um todo. E principalmente do contexto da
vida e obra desse poeta maior do século XIX na sua segunda metade década de 80.
Cruz e Sousa, filho de escravos, nasceu em Florianópolis,
Santa Catarina. E foi protegido por uma família de aristocratas que o ajudou na
sua formação. Depois da morte de seu protetor ele seguiu a sua liberdade para
trilhar único na sua visão de mundo. E cavar o seu profundo Infinito poético. Trabalhou
na imprensa, escreveu crônicas, foi abolicionista ativo e discriminado pela sua
Terra. O preconceito racial é imortal assim como a sua poesia de pontos
impecáveis para reflexão de uma sociedade racista de difícil compreensão aos
olhos de poeta.
Cruz e Sousa é a estrela Maior do Simbolismo brasileiro. A
sua poesia rica em diversidade e riqueza por seus aspectos ora noturno, com uma
veia do Romantismo no seu culto ao noturno, ao satanismo que povoa dor e morte,
típico da época onde o artista morria muito jovem por diversas causas. E uma
delas era a tuberculose. Ora era uma formalidade Parnasiana, um esmero em
lapidar e dar um sentido maior as palavras com a sua inicial maiúscula: elas
precisam (imortais) ser vistas com um olhar gigante e sentido amplo. Cada
palavra compõe um contexto de sonhos e desejos do poeta Simbolista.
A tristeza por desejos não realizados, bem como a realidade
do contexto social ante a vontade de ver o que não lhe agradava ser banido do
mundo ao qual o rodeava. O poeta fugia da realidade desligando-se da matéria
para unir-se cada vez mais ao espiritualismo transcendente. Havia um drama dentro
de si, um inconformismo da dor de ser negro e carregar no peito a marca da sua
geração de escravos. Os seus temas revelam a essência de sua poesia: O
Mistério; O Sagrado; A Morte; O além da espiritualidade e o seu mundo Cósmico.
A Análise: Catador do Infinito
O eu lírico do poema “Cavador do infinito”, cujo título já
revela uma metáfora, um termo subtendido e nele vive a sua existência
introspectiva. Ele não se sente capaz de avaliar o poço infinito da sua
inquietação. Carrega na alma um soluçado grito. O poeta usa os verbos “descer e
subir”, para apresentar sonhos e conflitos, além de nos apresentar essa
antítese por meio dos verbos citados. A “Lâmpada do Sonho” é o ícone dessa
inspiração poética.
O eu lírico busca e soterra a dor do seu corpo que entristece
profundamente a sua alma. Não há mais cura; somente o universo das suas
palavras. A eternidade do seu sofrimento buscava uma resposta que levou a sua
existência ainda jovem, extremamente jovem.
O eu lírico buscou por respostas para a sua angustia de viver
num mundo de luta vã e sonhos não realizados. O eu lírico não cavava o universo
externo, mas o que de mais havia dentro do seu eu interior, pois rejeitava o
mundo material e abraçava a sua própria dor. Apesar da libertação dos escravos
o poeta sentia a rejeição social por ser um negro e também por ser rejeitado
por uma mulher branca. Mesmo que viva um período literário o eu lírico conhece
os sentimentos e a influência de cada palavra.
terça-feira, 15 de março de 2016
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
A COZINHEIRA NÔMADE DE GELZA REIS CRISTO
A FALA DO LEITOR
Bem, ontem eu fiz uma receita do delicioso livro A
Cozinheira Nomade. Já leram? É bárbaro. A autora tem pique, euforia. Embora
muitas vezes seja apressada, coisa que entendo bem:-) Ontem, eu peguei a
receita da torta de microondas que está no livro. Sim, é um romance mas é um livro
de receitas recheado de um romance, a história da moça que foge de Aracaju ,
passando por Salvador, chegando em Santos e.. Ah, não vou contar não! Vale a
pena um livro nacional com aquele vocabulário musical do nordeste. MUUUITAS
receitas. E a que fiz ontem mais ou menos, sim pois mudei tudo, é da torta de
microondas. Ela fala em 3 ovos (pronto, já virou um só), meia xíc de óleo (
virou uma colher cheia de azeite) queijo ralado, farinha, fermento, um tico de
leite. Bater tudo no liquidificador. Untar uma forma de vidro alta, colocar
farinha de rosca. Derramar parte da massa, um tanto do recheio que quiser, e o
resto da massa. Segundo a autora, em potencia alta 9 minutos. Depois, mais uns
4 para dourar.
Bem, eu fiz só um pouquinho, e o recheio foi queijo de
minas, achei que ficaria como um suflê de queijo, mas não, ficou crocante,
muito gostoso! E simplérrimo! Como a receita foi pequena, deixei 6 minutos.
Booom!!!
Hoje, gelado , está uma delícia!!!!!!!!!!!!!!!!!
Hoje, gelado , está uma delícia!!!!!!!!!!!!!!!!!
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
domingo, 31 de janeiro de 2016
Análise da POÉTICA de Manuel Bandeira por Gelza CRISTO
CRÉDITO FOTOGRÁFICO DE RONICLAY Paripiranga-BA
POÉTICA DE MANUEL BANDEIRA
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e
[manifestações de apreço ao Sr. Diretor
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo
[de um vocábulo
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si
mesmo.
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de cognome. -senos secretário do
amante exemplar com
[cem modelos e cartas e as diferentes
[maneiras de agradar as mulheres, etc.
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare
_ Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
Manuel Bandeira viveu para a literatura e a sua inspiração
veio do seu próprio drama familiar, pois ainda jovem perdeu o pai, a mãe e a
irmã. Foi acometido de tuberculose aos dezessete anos e viajou para um
sanatório suíço em busca de tratamento.
ANÁLISE LITERÁRIA por Gelza Reis Cristo
No poema, Poética destacamos a poesia em prosa, os versos
brancos e livres, o sumiço dos sinais de pontuação. Estas características estão
explícitas claramente no terceiro verso.
Ausente de sequência linear. No entanto podemos pensar em dois momentos:
no primeiro vem à negação em que o sujeito poético rejeita o lirismo passadista
e apresenta suas características. Contém a emoção no “lirismo comedido”;
“lirismo bem-comportado” e o comportamento exemplar do funcionário público.
O poeta defende o lirismo dos loucos e dos palhaços:
marginais, antiburguês, nada convencional. Ao usar o travessão no final do
poema o eu-lírico assina a sua negação em favor da liberdade das formas.
A primeira (1ª fase) explosão literária dos poetas
modernistas ocorreu pós Semana de 22 até 1930. Foi nesse período que BANDEIRA
produziu a sua obra mais expressiva, Libertinagem.
Esta seria a que melhor representou o momento efervescente do Modernismo
Brasileiro. O poema Poética revela o
desejo de liberdade, o espírito mutante dessa geração que desejava anular o
passado parnasiano repleto de regras, estrutura perfeita e excessivamente
pontuada era uma luta de todos os poetas e criadores da arte em todos os
ofícios da criação febril daquele movimento modernista;
Naquele momento a luta era pela ruptura da estrutura
métrica, rima, e pontuação como também o uso abusivo de adjetivos e
advérbios. A negação da poesia
parnasiana gerava a busca pela originalidade, o desejo de novas formas para a
libertação do criador que necessitava de asas para a valorização do eu-lírico;
Há algo mais comportado e repetitivo que as ações do
cotidiano de uma repartição pública? Abre livro, fecha livro e tudo é
protocolo. Da mesma forma nascia o poema do parnaso que repudiava:
A estrofe da caixa de fósforos no soneto
O vômito das vogais iguais repetitivas
A aliteração do R nas raras rimas ricas
O som do vento, a canção perfeita e
a claridade da lua nas estrelas de BILAC.
O mistério das palavras no mestre da estética Alberto de
Oliveira.
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