segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Cruz e Sousa - O Cavador do Infinito Análise literária




Com a lâmpada do sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,

Da alma o profundo e soluçado grito.

Ânsias, Desejos, tudo a fogo escrito
Sente em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico infinito.

E quanto mais pelo infinito cava
Mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...

Alto levanta a lâmpada do Sonho
E com seu vulto pálido e tristonho
Cava o abismo das eternas ânsias!
(Poesias completas de Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 109.).
Falar e honrar a importância de Cruz e Sousa no Simbolismo brasileiro é uma obrigação de todo estudioso e pesquisador brasileiro. Nesse texto a autora Gelza Reis Cristo vai além dos estudos; ela como poeta também enxerga pela introspecção do eu lírico como um todo. E principalmente do contexto da vida e obra desse poeta maior do século XIX na sua segunda metade década de 80.
Cruz e Sousa, filho de escravos, nasceu em Florianópolis, Santa Catarina. E foi protegido por uma família de aristocratas que o ajudou na sua formação. Depois da morte de seu protetor ele seguiu a sua liberdade para trilhar único na sua visão de mundo. E cavar o seu profundo Infinito poético. Trabalhou na imprensa, escreveu crônicas, foi abolicionista ativo e discriminado pela sua Terra. O preconceito racial é imortal assim como a sua poesia de pontos impecáveis para reflexão de uma sociedade racista de difícil compreensão aos olhos de poeta.
Cruz e Sousa é a estrela Maior do Simbolismo brasileiro. A sua poesia rica em diversidade e riqueza por seus aspectos ora noturno, com uma veia do Romantismo no seu culto ao noturno, ao satanismo que povoa dor e morte, típico da época onde o artista morria muito jovem por diversas causas. E uma delas era a tuberculose. Ora era uma formalidade Parnasiana, um esmero em lapidar e dar um sentido maior as palavras com a sua inicial maiúscula: elas precisam (imortais) ser vistas com um olhar gigante e sentido amplo. Cada palavra compõe um contexto de sonhos e desejos do poeta Simbolista.
A tristeza por desejos não realizados, bem como a realidade do contexto social ante a vontade de ver o que não lhe agradava ser banido do mundo ao qual o rodeava. O poeta fugia da realidade desligando-se da matéria para unir-se cada vez mais ao espiritualismo transcendente. Havia um drama dentro de si, um inconformismo da dor de ser negro e carregar no peito a marca da sua geração de escravos. Os seus temas revelam a essência de sua poesia: O Mistério; O Sagrado; A Morte; O além da espiritualidade e o seu mundo Cósmico.
A Análise: Catador do Infinito
O eu lírico do poema “Cavador do infinito”, cujo título já revela uma metáfora, um termo subtendido e nele vive a sua existência introspectiva. Ele não se sente capaz de avaliar o poço infinito da sua inquietação. Carrega na alma um soluçado grito. O poeta usa os verbos “descer e subir”, para apresentar sonhos e conflitos, além de nos apresentar essa antítese por meio dos verbos citados. A “Lâmpada do Sonho” é o ícone dessa inspiração poética.
O eu lírico busca e soterra a dor do seu corpo que entristece profundamente a sua alma. Não há mais cura; somente o universo das suas palavras. A eternidade do seu sofrimento buscava uma resposta que levou a sua existência ainda jovem, extremamente jovem.
O eu lírico buscou por respostas para a sua angustia de viver num mundo de luta vã e sonhos não realizados. O eu lírico não cavava o universo externo, mas o que de mais havia dentro do seu eu interior, pois rejeitava o mundo material e abraçava a sua própria dor. Apesar da libertação dos escravos o poeta sentia a rejeição social por ser um negro e também por ser rejeitado por uma mulher branca. Mesmo que viva um período literário o eu lírico conhece os sentimentos e a influência de cada palavra.




sábado, 21 de outubro de 2017



Cruz e Sousa: O cavador do Infinito – Análise literária

Com a lâmpada do sonho desce aflito
E sobe aos mundos mais imponderáveis,
Vai abafando as queixas implacáveis,
Da alma o profundo e soluçado grito.

Ânsias, Desejos, tudo a fogo escrito
Sente em redor, nos astros inefáveis.
Cava nas fundas eras insondáveis
O cavador do trágico infinito.

E quanto mais pelo infinito cava
Mais o Infinito se transforma em lava
E o cavador se perde nas distâncias...

Alto levanta a lâmpada do Sonho
E com seu vulto pálido e tristonho
Cava o abismo das eternas ânsias!
(Poesias completas de Cruz e Sousa. Rio de Janeiro: Ediouro, s.d. p. 109.).
Falar e honrar a importância de Cruz e Sousa no Simbolismo brasileiro é uma obrigação de todo estudioso e pesquisador brasileiro. Nesse texto a autora Gelza Reis Cristo vai além dos estudos; ela como poeta também enxerga pela introspecção do eu lírico como um todo. E principalmente do contexto da vida e obra desse poeta maior do século XIX na sua segunda metade década de 80.
Cruz e Sousa, filho de escravos, nasceu em Florianópolis, Santa Catarina. E foi protegido por uma família de aristocratas que o ajudou na sua formação. Depois da morte de seu protetor ele seguiu a sua liberdade para trilhar único na sua visão de mundo. E cavar o seu profundo Infinito poético. Trabalhou na imprensa, escreveu crônicas, foi abolicionista ativo e discriminado pela sua Terra. O preconceito racial é imortal assim como a sua poesia de pontos impecáveis para reflexão de uma sociedade racista de difícil compreensão aos olhos de poeta.
Cruz e Sousa é a estrela Maior do Simbolismo brasileiro. A sua poesia rica em diversidade e riqueza por seus aspectos ora noturno, com uma veia do Romantismo no seu culto ao noturno, ao satanismo que povoa dor e morte, típico da época onde o artista morria muito jovem por diversas causas. E uma delas era a tuberculose. Ora era uma formalidade Parnasiana, um esmero em lapidar e dar um sentido maior as palavras com a sua inicial maiúscula: elas precisam (imortais) ser vistas com um olhar gigante e sentido amplo. Cada palavra compõe um contexto de sonhos e desejos do poeta Simbolista.
A tristeza por desejos não realizados, bem como a realidade do contexto social ante a vontade de ver o que não lhe agradava ser banido do mundo ao qual o rodeava. O poeta fugia da realidade desligando-se da matéria para unir-se cada vez mais ao espiritualismo transcendente. Havia um drama dentro de si, um inconformismo da dor de ser negro e carregar no peito a marca da sua geração de escravos. Os seus temas revelam a essência de sua poesia: O Mistério; O Sagrado; A Morte; O além da espiritualidade e o seu mundo Cósmico.
A Análise: Catador do Infinito
O eu lírico do poema “Cavador do infinito”, cujo título já revela uma metáfora, um termo subtendido e nele vive a sua existência introspectiva. Ele não se sente capaz de avaliar o poço infinito da sua inquietação. Carrega na alma um soluçado grito. O poeta usa os verbos “descer e subir”, para apresentar sonhos e conflitos, além de nos apresentar essa antítese por meio dos verbos citados. A “Lâmpada do Sonho” é o ícone dessa inspiração poética.
O eu lírico busca e soterra a dor do seu corpo que entristece profundamente a sua alma. Não há mais cura; somente o universo das suas palavras. A eternidade do seu sofrimento buscava uma resposta que levou a sua existência ainda jovem, extremamente jovem.
O eu lírico buscou por respostas para a sua angustia de viver num mundo de luta vã e sonhos não realizados. O eu lírico não cavava o universo externo, mas o que de mais havia dentro do seu eu interior, pois rejeitava o mundo material e abraçava a sua própria dor. Apesar da libertação dos escravos o poeta sentia a rejeição social por ser um negro e também por ser rejeitado por uma mulher branca. Mesmo que viva um período literário o eu lírico conhece os sentimentos e a influência de cada palavra.