Homenagem a Verônica Reis Cristo
Amanhã, dezenove de outubro de 2015. Trinta e um anos. E poderia
ser uma centena deles, mas sua mãe jamais esqueceria um fato glorioso na vida
da Verônica: uma conquista, um susto, e muitas mudanças. Em 1984 ela nascia
para ser admirada pela sua coragem e determinação.
Para muitos jovens da Baixada Santista passar no Vestibulinho
da Federal de Cubatão era uma luz para o seu primeiro emprego depois do curso técnico.
Assim foi com a sua irmã Vanessa CRISTO. No entanto para essa jovem da qual menciono,
a oportunidade do sonho de liberdade começara nessa escola Federal tão
cobiçada.
Na hora da opção tão obvia para os seus pais ela disse NÃO ao
curso técnico e abraçou o colegial. Ela queria entrar na maior Universidade da
América Latina e tinha consciência que o seu pai não estava pronto para pagar
um cursinho. Sabia o que ia alcançar desde os primeiros passos. E não estava
sozinha porque formou um grupo de jovens estudiosos com os mesmos objetivos.
Seis alunos se empenharam na tarefa da superação e entre eles o seu grande
amigo, o Neto. Todos foram parar na USP sem fazer sequer um ano de cursinho.
Mãe, não precisa falar pra ninguém que passei sem fazer
cursinho. Ela disse na sua modéstia. O fato é que o pior estava por vir porque
a menina fora criada para ficar com os pais até casar e de repente estava de
mochila nas costas para morar em São Paulo. Aonde? Todos vizinhos da
Universidade e não conseguiram morar no campus? Este era para os que vinham de
outros Estados. O pai dela de tão nervoso travou e a mãe teve de acompanhá-la
com os demais pais na tarefa de matrícula e moradia. Foram dias difíceis, mas
por fim surgiu a “Casinha de Boneca”, a primeira para quatro colegas. Esta era
tão pequena que a porta do banheiro de tão estreita o corpo passava de lado. O
teto era tão baixo que o mais alto se agachava. Tudo de madeira. O importante
ali era a segurança de uma morada no quintal de uma família. Ela era a única
princesa do castelo de jovens sonhadores e estava superando tabus, eu sei.
Depois vieram outras moradas bem confortáveis e a vida
transcorria na mais eletrizante labuta. O fato é que essa jovem conquistou o
seu curso de RP (Relações Públicas), e ainda passou duas vezes no vestibular da
USP em outras disciplinas. Foi para outros empregos efetivos. No entanto a sua
paixão pelo Campus Federal a trouxe de volta e lá está ela conquistando o seu
crescimento.
Verônica CRISTO é uma devoradora de livros, uma leitora
admirável e vai estudar para sempre. Eu Creio. Para ela que certamente já tem a
sua autobiografia, essa passagem da sua vida eu precisava contar porque sofri
com ela e admirei-a toda semana quando ela descia a serra com a sua super
mochila de campo cheia de roupas sujas e na segunda-feira bem cedinho lá ia a menina
com marmitas e roupas limpas para mais uma semana de estudos.
Portanto, veio à conquista, a liberdade, a cidadã e a mulher
dos novos tempos superando os seus limites. Parabéns por mais um aniversário e
desejamos, pai e mãe toda a felicidade do mundo.
Gelza Reis Cristo